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NO PRÓXIMO TERERE SEMPRE UMA PROSA

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

DIA DOS NAMORADOS! NAMORADAS E A SALVAÇÃO



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Dia dos namorados!


Seriam as mulheres incompreensíveis, como alguns dizem?
Ou intangíveis, como dizem outros? Não sei!
Sei que na Literatura são os seres magníficos;
São os seres que dão motivação e razão à Arte;
São as mulheres que mesmo a partir de anjos;
Tornaram o mundo algo mágico; mulheres, elas
São Magia;

Algumas namoradas, perdoando-me, pois essas listas têm sempre algo de infernal, nos esquecermos de quem deveria logo estar... Mas, todos que figuram representam umas as outras, é a verdade.


Minha namorada eterna, a Literatura, salvando-me sempre do mundo, da vida; salvando-me para o mundo, para a vida...


Elaine... Me fez entender o que querem dizer quando afirmam a existência de anjos, namorei um anjo verdadeiro; 


Siane... Tive uma namorada com a qual jamais briguei, e que andávamos de mãos dadas o tempo todo, cinemas e praias, é, não posso reclamar por não ter tido acesso ao paraíso na terra


Lucinéia... Embora não tenha rigorosamente me namorado, salvou minha vida; 


Nete... Posso dizer que tive adolescência de “Sessão da Tarde”


Meire... Me fez conhecer o verdadeiro inferno, e o conhecendo, escolhi o amor e a Literatura


Milene... Ao não me aceitar em namoro, tornou indestrutível uma das amizades mais estranhas e belas que tive


Carla Raquel... Me provou que contos de fadas são apenas contos de fadas... 


Beatriz, de aparelho nos dentes e sorriso sempre de olhos inocentemente maliciosos e voz em x, saliva doce... naquele beijo metálico, os seios nus em plena rua, Beatriz, filha de Sebastian...


Lucineia, uma Dulcineia, salvou-me, se fez resposta ao maior desejo carnal que tive na vida, ao tempo que me deu chave às mãos, para que unisse carne e magia; realidade e literatura;


Era 1999, entrava no terceiro ano de prisão e após uma profunda e ampla reflexão, bastante erradamente concluí que deveria vencer o medo e morrer, pois a avaliação houvera sido total, passado, presente e futuro, com ótica prática, filosófica, histórica, religiosa, afetiva, todas as visões possíveis. Concluí que eu era inútil para mim mesmo, principalmente. 


Mas entraram em jogo; um movimento de Deus, a partir de minha mãe, e o que para mim parecia completamente impossível, algo como uma inversão literária em que surge do nada uma donzela e salva o velho cavalheiro. Fato milagroso, verdade que só ela poderia, pois somente ela tinha o significado possível; uma contra-força avassaladora como em todos os casos desse tipo. Meu obscuro e caprichoso subconsciente ainda ama incondicionalmente a mulher que passivamente determinou a morte temporária de tudo que era o melhor em mim. E, por segunda vez, no caso da mesma mulher, novamente fui salvo por uma ruiva, devo muito de minha vida às ruivas. Desta vez a ruiva, outra, derrotou os vestígios venenosos, anulou o veneno que apodrecia as chances da esperança e o sentido da vida. Ali na prisão, tive as mais altas febres do prazer com aquela donzela alva como neve, com apenas minúsculos pontilhamentos sardais e pelos ruivos como as chamas com brasas, mas, mastiguei seca a semente da re-esperança.


De um sinal até hoje não concluso, passei à lida com a Literatura,

A moça que me salvou hoje mora em Portugal, é casada com um moço feliz e tem um filho, ou filha, não sei...
Ela me abandonou quando tudo voltou à ordem, quando sentiu que para sempre eu me livrara da mais tola das idéias, para gente como eu, 'nascido para viver', a do suicídio, viu que dali em diante minha companhia principal seriam os livros e a arte, a poesia...
Foi nesse período e próximo dele que estive tão perto de Satã que os pêlos de minha face mantiveram-se por minutos, chamuscados... E tão perto de Deus que a confusão em mim desordenou desde a menos a mais importante das glândulas.

Pretendo morrer sem ser patife quanto às experiências que me ocorreram... Mesmo sob a tentação dos atalhos da Literatura, procuro me conter...


E vou, e vou, e vou...


Não existe mais em minha vida, os namoros, como os conhecemos; mas os vestígios de todos os principais que tive, ajudam a constituir o melhor de meu espírito, o suficiente para amar ver os namoros alheios em suas melhores fluências no tempo e no espaço... Assim posso dizer:


VIVA O DIA DOS NAMORADOS!

domingo, 27 de janeiro de 2008

O ÚLTIMO SOLO - DEUS, "PER SE" É TUA ALIANÇA COM ELE








SE TENS A TI, de alguma forma ora e se aliança com Deus, portanto, não o teme, o respeita o tens e te tens; e se tens a ti e a Deus, muito menos temerá Lúcifer, Satã, Diabo ou qualquer, livra-te, pela luz do pensamento forte e oração, e poderá entender tudo no possível, na literatura, o todo.

Dedico esta reflexão poética a todos que comigo compartilham a sem razão e razão de tudo; uns poucos loucos e miseráveis como eu... Ou serão muitos? 

Que seja... Herdaremos o tudo, ou o nada!

Atacar o mal é vencermos a nós mesmos e as nossas desculpas, nossa preguiça e nossa tola crença em achar que ir a um templo corrompido nos põe fora da obrigação... 

Ir a um templo exige antes de tudo compreender que níveis de corrupção existem em cada canto; alteração de princípios, pelo bem, mal ou meio, é corrupção; então ela existe no todo, em tudo; há corrupção positiva, neutra e negativa; e mesmo quando ela é negativa; por exemplo dandismo em uma igreja, más intenções sacerdotais, etc; tens que desarmar a tudo, e de joelhos na solidão ou na missa ou culto de domingo, realizar um trabalho espiritual tal, que toca naquilo que refere a poesia "Se és Capaz", de Rudyard Kipling; "entre reis e plebeus, não te corromperes, nem perder tua dignidade..." Estar em si, em Deus e do toque em todos os estares à volta, tirar o melhor...

Ele, o da Cruz, mostrou que não se pode cruzar os braços... A verdade brutal da lição do sangue em sacrifício, o pão corpo, o sangue vinho, é na realidade um lenitivo, uma redenção, mas não o desvio de nós mesmos, sacrificar-se sem martírio, mas sacrificar-se sem egoísmo, dois polos orientadores para o equilíbrio... A escolha é sua, mas escolher não escolher é só covardia, que será um dia cobrada, e por ti mesmo!

O ÚLTIMO SOLO

Eles virão... de todos os cantos, virão com suas canções, com suas angústias, panelas vazias, com seus largos e batidos calções, novos, vindos dos destroçados corações... Camisetas de eleição... Trarão bandeiras fantasmas... pequenas mãos infantis maltratadas sob máquinas, meninas de espírito confuso pela profanação de seus valores corporais, indiferenças, humilhações, humilhações, humilhação... 

Muito sangue, muito sono, ódios vindos de todas as estações. “Eis o avesso do VERBO”, é a última reação. Eles reagiram, reagirão... De nada adiantará tentar se proteger, o inferno estará com todos os gatos gordos sob guardiões que lhes pisam pela eternidade, sem compleição... Mas esses inocentes profanados se tornarão demônios alados, e muros serão destruídos ou suficiente mutilados; entrarão; 

Estoicos de braços cruzados pelo castigo, continuarão a assistir, mas desta vez é o castigo imperial dos Céus Gerais, da implacável história, que imprimem as notas harmônicas da infelicidade de não entender o que é redenção!

Eles mesmos comporão suas canções... De suas bocas azuis, que um dia tiveram inocência, soprará o vento com antigo sangue celestial, a arte inocente e maldosa... tão estranha... Não haverá mais o solapar, porque tudo estará destruído e sem portões... sem as bobas canções...

As últimas testemunhas lúcidas, saídas do portal de suas justificáveis e injustificáveis fraquezas, diante e sob o tropel das 16 patas, sorrirão com seus sangues em chamas, e tudo será ceifado, desde o antes dos princípios, passando pelo maior engano de Platão e chegando à pior conclusão: "Penso, logo, é tarde..." eis a última das provas de que é inútil agora, qualquer oração... 

E minha inveja nunca foi tão triste, sim porque invejo a própria inveja, invejo a capacidade de invejar; minha fraqueza é tão grande perante a inexorabilidade das engrenagens de ir adiante do total simples de coisas, estou totalmente fora de tudo; não socorri, não lhes estendi a mão; como o fotografo do menino e o abutre, não fui a eles quando podia, agora a saliva de Lázaro está fora de questão... não mais pode ser a água que socorre uma sede indescritível; mas a esperança é um ser, um anjo, talvez um dos mais anjos dos anjos

Estou fora, excluído como os excluí ao fingir preocupação... Aí vem o Cão, para sua ceia, sua redentora missão, vem Satã, obediente, como sempre foi, enganando quase todos, menos Baudelaire, o poeta à frente, que avisou: “O maior truque do Diabo foi fazer com que todos pensassem que nunca existiu, que não existe...”

E você estará livre e vigilante, pois, de maneira simples e natural escolheu Deus, a luz em ti e a água limpa no poço que é tua alma; eu vejo, eu aplaudo, eu celebro... Felizes os escolhidos. 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

ERROS, CAPACIDADE, RUDYARD KIPLING: SE ÉS CAPAZ.











ERROS

Que ótimos são os erros em grande prevalência de nossos atos, quando não fatais; que ótimos são os erros, em administração, construções artísticas, se temos continuidade, novas chances; pois são eles o núcleo de evoluções de fato significativas. e para o período que estamos vivendo. 

Quem tem vontade mas falta coragem tem que acreditar na palava "vamos". Vamos escrever, todos... aqueles que se sentem impelidos. 

Vamos escrever no Facebook, nos jornaizinhos, nos murais, em blogs, vamos escrever... Vamos ERRAR sem medo e pedir ajuda, se isso calhar; e analisar; analisar, isso parece sempre calhar. 

Vamos usufruir o mais perfeito espelho da alma, a escrita, o diário. A crítica saudável é a sombra benéfica que pode ser chamada de "anjo que guarda", e a desdenhosa, a cegueira a ser ignorada

Bem, sai aqui o errante Dante Sempiterno, para entrar um sujeito para falar algo mais belo acerca disso: Rudyard Kipling:


"SE ÉS CAPAZ"

Se és capaz de manter a tua calma quando todo mundo em redor já a perdeu e te culpa. De crer em ti quando estão todos duvidando; e a esses, no entanto, desculpar;

Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso, ou sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares. E não parecer bom demais ou pretensioso;

Se és capaz de sonhar, sem fazer dos sonhos os teus senhores. De pensar sem que a isso só te atires. Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires tratar da mesma forma a esses dois impostores; 

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste e as coisas por quais deste tua vida estraçalhadas, e refazê-las com o que de bem pouco te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada tudo o que ganhaste em toda a tua vida e perder, e ao perder, resignado, sem nunca dizer nada, tornar ao ponto de partida; De forçar coração, nervos, músculos, tudo a dar seja o que for que neles exista, e ao persistir assim quando exausto contudo resta a vontade em ti que ordena: “Persiste”;

Se és capaz de entre a plebe não te corromperes e entre reis não perder a dignidade e a naturalidade; e dos amigos, quer bons quer maus te defenderes;

Se és, a todos que pode, ser de alguma utilidade; Se és capaz de dar segundo por segundo, ao minuto fatal todo o valor e brilho; Tua é a terra com tudo que existe no mundo, e o que é ainda muito mais, és um homem meu filho!




quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O FANTASMA DE SARTRE







O fantasma de Sartre me persegue e acho, sinceramente, que não terei como me livrar dele até o final de minha vida. 

E por que ele me incomoda, me persegue? Por que muitos que resolvem seguir a carreira de literatos, mesmo os mais modestos, pequenos como eu, (e mesmo que expandamos) somos incomodados, perseguidos por Sartre? 

Por que sua obra faz paradas agudas, para (ou talvez nunca pare de) nos expor a uma inquisição sobre escrever socialmente engajados, de maneira objetiva, direta? 

Talvez porque além de querer nos ver expostos, queira mesmo, afinal, que melhoremos a sociedade de forma corajosa, firmemente apontando onde falta ética, onde está a podridão e dando nomes... Talvez porque ele, mesmo tendo morrido cansado, e alguns dizem, desiludido com “as palavras” e a força que ele julgou em certo tempo, que elas poderiam ter; teriam um propósito "cósmico" através daqueles que se sentem, são, estão, escritores; com suas espadas-canetas conseguindo amplamente melhorar o mundo; cansou de crer, e talvez até tenha visto, finalmente, que há uma irremediável prevalência do gado humano, as evoluções pertencendo a apenas a grupos menores, tão menores que às vezes nem grupos sejam.

Olhando  em um noticiário o deboche de criminosos que roubaram milhões através de golpes pela internet, olhando o escárnio deles perante uma Justiça que certamente julgam uma piada, para fazerem certo "show" de “iuhuuu, isso é como um BBB”, ao serem flagrados e presos numa operação da PF; e olhando um grupo de deputados pleiteando mais dinheiro para suas contas pessoais, me dá uma vontade danada de escrever na linha sartreana. 

Mas aí me pergunto muitas coisas, entre elas sobre o estigma que, de maneira inexorável carrego e que faz com que meu pé tenha calcanhar de vidro, um grande calcanhar de vidro e possa moralmente esvaziar a crítica, as acusações, com um "mas... e tu? Tu acusando? E aquela ocorrência de teu passado?". Pergunto também sobre os efeitos, poderiam ser gotas de água no oceano; talvez seja melhor influir de maneira não tão ativa; é mais importante escrever bem, sacudindo o espírito, doutra forma. Inúmeros escritores influenciaram, sem perda de qualidade "meramente literária" (artística). Exemplo: Guerra e Paz. O Napoleão do filme é altamente romântico, romanesco, literário, por assim dizer, mas há lições, e pode haver influência. Não que eu me compare a Tolstoi, Vitor Hugo, Saramago, H. Miller; não em portento, logicamente, mas em termos, sou um escritor como Shakespeare, Milton, Dante, Cervantes, ou qualquer outro; escrevo, escrevo com minha imaginação.

As notícias vão se repetindo, repetindo; a violência, os crimes, os roubos... E então, penso e existo: "Arte... Prefiro a arte!" 


Arte, melhor a arte. Melhor criar personagens como exemplo um gambá chamado “XYZ” e sobre ele descarregar a história da fúria moral de deuses, porque o bicho furtou por baixo da tela de um galinheiro mal arquitetado, uns três ou quatro frangos, e ali próximo mesmo, os "assassinou impiedosamente", e devorou, sem muita cerimônia e um galo herói consegue convocar ajuda, humana, não forcemos tanto... E então talvez haja alguma lição, que influenciará positivamente alguém. 

Com o que tem restado de alguma fé em meu coração, para que eu acredite em fantasmas, em especial no de Sartre, peço milagres; é, eternamente pensamos em milagres e em fantasmas. 

Por enquanto, um "por enquanto" que flerta com a eternidade, ficarei na arte, sou covarde demais para ouvir e seguir Sartre. Prefiro jogar sal atrás das portas para que ele suma e esperar um milagre, mas disse no parágrafo anterior; Sartre jamais desaparece das assombrações literárias, com seu engajamento e insultos sobre nós, os covardes. 

Quem sabe os jornalistas que ouvem Sartre e implacavelmente escrevem, sob minha "inveja" (aliás, de minha insignificância pública, ouso discordar de Karnal, grande figura de pensamento e linguagem, justamente pela força da soberania da liberdade da linguagem, existe, sim, "inveja positiva", pois carrega um sentido plausível, ou como ficaria a palavra invejável? De sentido positivo), consigam algo... Consigamos algo para a colmeia, a timidez tem seus méritos. Surreal? Desconexo? Não, não mesmo, pense mais um pouco. Sigamos! 

NA TEMPESTADE DE PERDA DE EXPECTATIVAS, RESTA CELEBRAR (A PARTIR DE R.M. RILKE), SEMPRE!




Se Beatriz tivesse amado Dante, tivesse a ele se dado como esposa e o cuidado até os dias finais, teríamos a "Divina Comédia"? 

Gide diz que com bons sentimentos se faz péssima Literatura e Oscar Wilde diz que toda má poesia é sincera. Eu não tenho mais terra fértil em meu coração, creio, respeitando-se a margem sagrada das vontades, ou Vontade acima de nós. E sempre perguntei, até há bem pouco: "serei um bom literato; bom leitor, quem sabe bom escritor? 

Ao menos é o que perseguirei implacavelmente até o final de meus dias. Obviamente não basta ser triste ou ter levado uns chutes na bunda para ser bom poeta. E como ensinou a prof. Rosana Zanelatto, não basta apenas ler muito... 

Talvez eu morra medíocre escrevendo sobre papéis chamados "esperanças". Mas, mesmo que isso aconteça, até o último segundo de minha vida, saibam, estarei lendo e escrevendo acima da média, e compartilhando. 

Não sei se o destino é que me fez, do nascimento até aqui, predestinado à realização poética, prosa literata, proesia... seja em que nível for. Na realidade creio que nasci com inclinação para a arte, no modo como afirma Sartre: a "vocação inicial não tem especificidade: pintura, música, literatura, dança ou outra"... De resto, sei lá... Sei é que gosto muito de escrever e escolhi fazer Letras por amor... Também desistindo do curso de Letras, por amor, ou desamor, ou desleitura.

Não sei se algum dia termino o Curso de Letras. É importante? Sim, claro que é; mas a importância maior para mim em letras, mais que qualquer status formal, título, "canudo", se trata de fazê-las, muito, muito mais que estudá-las.

Nosso destino sempre será algo muito mais que ser revelado por coisas cósmicas, acaso, ou porque o fazemos, ou porque tudo nele age, caos regendo, pois, concordo com Saramago, o Caos é o regente universal. Fato que se Gide diz que com bons sentimentos se faz péssima literatura, devo agradecer à minha Beatriz, que foi inclusive muito além da Beatriz original, no que tange a influir. Inclusive me deu uma das maiores joias biográficas que tenho, a gema que mais independentemente brilha.

POSSO CELEBRAR, DOM RILKE, E CELEBRO; EU CELEBRO! 

ENRIQUE MOLINA: conceito poético em "O Começo da Busca" (Floriano Martins).





Enrique Molina, transcrito de "O Começo da Busca", do poeta Floriano Martins, de Fortaleza. 

Diz o poeta argentino Enrique Molina sobre poesia: 

Em minha infância vivi no campo e creio que a vocação poética nasce de uma espécie de sabedoria inconsciente para receber a mensagem fascinante das coisas; a música misteriosa do mundo. A infância é o momento inicial da poesia, seu campo de cultivo. 

Por sua especial disposição de intuir que a realidade está carregada de segredos sem fim e que as coisas mantém entre si as mais insuspeitadas relações sob suas aparências cotidianas, a infância mantém sua inocência primordial para passar para o outro lado do espelho. 

Seu universo ainda não está estratificado. É ainda fluido e incandescente como o universo da poesia. Essa sua atitude de assombro permanente diante de tudo quanto a rodeia é a mesma atitude da poesia em busca de uma resposta sobre a "abismática" natureza do ser. 

A diferença entre a criança e o poeta é que a primeira ignora a morte. É imortal. 

Ante a finitude da existência o homem, por sua vez pode cair na angústia, na resignação, ou então na rebeldia e no desafio da condição humana, como em Rimbaud, em Lautréamont, no Surrealismo. 

Porém, paradoxalmente, a consciência da morte não induz ao despojamento ou à renúncia, mas sim à mais funda raiz do desejo sempre estimulado pelo adeus infinito das coisas...

Pouco a pouco se toma consciência da poesia como processo de revelação. Uma ruptura com os estreitos limites a que são submetidos os seres, por ordem do utilitário, para lhes impedir uma fraternidade mais profunda entre si e o Universo. 

Ela suscita uma forma particular de conhecimento, o seja, uma dimensão da existência. Em toda obra lírica, desde a febre das coisas, o tempo e o destino vão estruturando algo assim como uma cosmovisão particular em que o autor se instala em um reino próprio, como se o mesmo lhe estivesse misteriosamente destinado. 

Uma especial maneira de sentir e conceber nossas relações com as coisas; inconscientemente se impõem certos valores, certas preferências, certa maneira de ver, de eleger a grade ou o sol; assim, fora de todo proposito, se acaba por ter uma fauna e uma flora próprias, que são universais e ao mesmo tempo estranhamente diferentes de todas.

Um inferno e sempre um paraíso perdido próprios. Países que mudam de forma e nos seguem como animais; as mulheres fantásticas ou fantasticamente reais que surgem a cada passo e dão à vida um tom insone. É impossível escapar daquilo que se conquistou nessa aventura, em que se tece o destino e em que talvez alguém ou algo escolha a si mesmo; tudo ficou para mim sob o signo do desejo.

O poema nasce, para mim, de um impulso inconsciente fora de todo conteúdo intelectual prévio. Somente depois da reflexão o alcança, e em certo modo o descobre.

O poeta, diz Höderlin, é o que corre até a catástrofe. Até qual catástrofe? À trágica consciência de nossa condição, instalados em uma realidade que não é a real e em um mundo infinitamente devorador.

POESIA PEDE POESIA








CHRISSIE HYNDE, a vocalista do The Pretenders. A música "Stand by you", dela, é irresistivelmente romântica; vê-se a a tradução e o espírito treme, incendiado! 

Uma música profundamente poesia, naquilo que temos de mais poderosamente irresistível e efêmero, o anúncio da dispensa do amor próprio, em favor do carinho máximo, em paixão por alguém.

Como todos e uns poucos, nasci e morrerei poesia, e não devo prescindir desse orgulho dispensado pela maioria. Esse paradoxo, em que todos sabem muito e nada de poesia, é um louco fogo da linguagem, que assina a qualidade dessa condição de ser poeta por leitura, escrita ou leitura/escrita, ou poeta mesmo quando não sabemos que somos. 

Perguntemos: "O que realmente difere os homens do restante dos animais?". E a resposta é: a poesia. Cérebro complexo, mente complexa, os nossos? Sim, por causa da poesia da nossa leitura imaginativa, com infinitas e imensuráveis extensões. 

Se Deus existe, com certeza a primeira reivindicação que faz à humanidade é "entendam que o mundo poderá ser vosso, somente ao conquistarem, todos, o entendimento poético..." Sua escrita (de Deus) é o mundo, a beleza da abelha amarela e negra, o choro de um bebê sendo atendido em seu choro, entendido seu sofrimento, livrado desse sofrimento; até que, fofo, ria, gargalhe; águas limpas, peixes livres... a penetração sexual com paixão mútua. Um gol do Pelé vestindo a camisa do Palmeiras, (bela inveja poética consentida, pelos santistas que entendem a homenagem... poética); enfim, a complexidade do mundo a partir da simplicidade; simples, diria Renato Russo, poeta mor (meu e de muitos) da música brasileira.

E mesmo o "lado negro", os crimes e as barbáries que se alastram pela parte ruim do livre arbítrio, carregam poesia ao ramificarem-se as explicações de origens, a negra e infernal poesia dos desviados da condição divina, celeste. 

Alguém que pediu "uma poesia pra mim; quero que faça uma poesia para mim", tem direitos, muitos, é uma pessoa especial, aliás, especialíssima. E por isso colocarei uma poesia para ela ao lado do escrito que transcreverei, de um poeta argentino. 

A poesia... música presente e ausente do mundo; um compreender além, quem sabe aquém, um seguir diferente, gelado, quente; quem sabe como é realmente o inferno a enfrentar, o paraíso celeste ganhar; como será isso tudo? Se há uma resposta, está no mundo, e como seria? Poesia!