NEXTTERES

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NO PRÓXIMO TERERE SEMPRE UMA PROSA

sábado, 29 de março de 2008

ROCKS DO MEU FILHO






















Chamei meu filho para que desse uma espiada em meu blog. Ele é mais reflexivo que eu e não tenho muita idéia do que pensou. Mas sei que gostou de alguns trechos do "A morte do meu pendrive", pois o vi dar um dos sorrisos de que tanto gosto. Ele aprecia algumas músicas das quais gosto, e também gostou de ver a beleza de Patti Smith na juventude, assim como endossa que vejam o clip de Patti feito sobre a música "People have the power" (tá lá embaixo). Falando em músicas, pedi a ele recomendação de três bandas que aprecia, e quem sabe de algumas músicas específicas, ao que respondeu e recomendou: The Verve "São os caras, o vocalista mata a pau, e a música 'Bittersweet symphony' é a melhor deles. Gosto também de White Stripes ou The Raconteurs, bandas de Jack White. A terceira banda que recomendo é: Arctic Monkeys. Abaixo, cinco clips de minha preferência:







Olhei todos os clipes com ele. O clipe da "The Verve" é também uma das minhas preferências fortes. Sempre gostei da música que ele indicou, e também recomendo, sem reservas, que olhem não só "Bittersweet Symphony" (ele que escreveu... rsss), mas, outros do "The Verve". Das duas outras bandas, que achei ótimas, gostei mais de "Level"... Muito legal o clip e ótima a música.

Para fechar, pedi para ele falar o nome de uma das bandas das quais gosto, e ele respondeu: "U-2", sem piscar... :o). Bem, vou continuar olhando as bandas que ele gosta, os clips, as músicas. E agora ainda mais, após a aula em que fomos recomendados a parar de achar que as coisas na arte devem ser enquadradas, encaradas, apreciadas e analisadas a partir da perspectiva do passado e de um julgamento canônico; que fomos recomendados a perceber as coisas de nosso tempo e também a partir delas montarmos esse estranho e gostoso mosaico chamado "ARTE".

sexta-feira, 28 de março de 2008

A RUIVA! AQUELA RUIVA!

cafpreto.blospot.com























Eu ficava olhando um pequeno bosque que me assombrava, e eu sentia enorme prazer em ver os fantasmas que eu mesmo criava. Sentia o perfume dos pinheiros delgados que eram em maioria... Via os cabelos ruivos, os vultos de uma mulher que andava sozinha numa grama sem espinhos, ao tempo que brincava de dar mãos aos abraços imaginários das árvores... Uma ruiva... e a música era essa debaixo, do Duran Duran... O clipe e a letra da música não tem muito a ver com minhas lembranças, minha poesia... mas, tem uma ligação acima do entendimento primário... Aqui o clip: (http://www.youtube.com/watch?v=U_7DnHbcgn8).



Na comunicação via internet, um fenômeno destacável, e talvez não tão difícil de ser respondido, é o essstiiiicaaaamennntooo das voooooogaiiiiiiiiiisssssss. Tooooooo aeeeeeeee, saaaaaaaaaabeeeeee cooooomoo ééééé. Paaaaaaassseiiiiiiiii, aquiiiiiiiiiiii. Os gagos surgem, muitos, de carências ou traumas psicológicos... A carência, como aponta Mary Shelley, é responsável por muitos dos desastres coletivos de nossa existência. E, creio, iiiiiiiissoooooooo, veio para ficar, tanto quanto o "com certeza", na linguagem falada.



"Foro íntimo"... Quando comecei a tomar consciência das possibilidades dessa expressão, durante o constante garimpo que é uma das naturezas da Literatura, GOSTEI. Embora haja vários conceitos para ela, prefiro o conceito básico , que é uma espécie de pátio, onde se dão debates. Para as questões de Deus, ou ideológicas, acho que deve haver uma vasta amplitude no "Foro Íntimo"... Debatermos em nós mesmos... Até porque o debate nunca termina, uns pregam a diversidade, o todo, outros um cânone. Um dia você tem certezas das coisas, noutro essa certeza foi substituída, e vai, e vai, e vai... Temos que constantemente refrigerar tudo que se refere ao espírito, e talvez não devamos ter receio algum de ir em busca de novos saberes, e de preferência vasculhar o melhor possível os "mistérios", sem carregarmos demais o crédito alheio antes de estarmos bem aparelhados de conceitos e discernimentos... No entanto, sempre, no final das contas, o princípio é o silêncio e a observação, sem perder o respeito pelos envolvidos cada um com suas “fés...” Não precisamos escolher por eles, escolhemos por nós... Mas escolhemos antes de tudo, a amizade, coisa cada vez mais rara...



Sim, às vezes, esse negócio de arte, de tentar enxergar a realidade por detrás da massiva hipocrisia, por detrás de todas as aparentes verdades, de procurar investigar o que há por detrás de uma percepção que não aceita a ordem comum das coisas, me afastam do essencial... E, felizmente, a melancolia me leva, através de certas músicas, a momentos que servem de estacas e amarras para que eu não me esqueça de quem realmente sou...




Que estação, que tempo? Tempo do mar medíocre de quatro anos... Yes Sor, Estação do frio... gostoso vento que faz violento amor nos lábios que ressentidos guardarão essa violência pelo carinho memorial da língua de gato... Oh, vermelhidão e ruivez, sardas na tez... Poder na sofreguidão... O cheiro do cheiro de amor, vermelha tua pequena calcinha que atirei aos cantos... No alto dos pinheiros os cantos... O apartamento de tua complacente mãe... o colchão profano, teus gemidos, o próprio ar conspira arfando... possuir, olhar os pêlos ruivos sob teu sorriso indagativo... preciso... Essas lembranças... a cada ano e o pontilhamento impreciso dos pequenos fragmentos memoriais... Oh, ruiva, ruiva, com cabelos longos, branquez, sardez, ruivez, sorriso dos olhos cinzentos, inquisitivos éramos, mas tão inocentes em nossas posses poderosamente maliciosas... horas ociosas... não voltais... somente biografemas... deliciosas intermitências que ao comum seriam nodosas, para o miolo de nosso estoicismo, a fartura restrita do cinismo... Doce ruiva, tão comum vulgar dizer, que tanto poder resguarda no mais vilipendiado dos deuses, o tempo, voltais, oh, voltais, ruiva, voltais... Mas não aqui, os tempos desdobram-se e a eternidade é uma desconfortável evidência... Voltais, com o poder de teus lábios falsamente finos, as sardas enganosamente organizadas, o cheiro vaginal enganosamente fiel... oh, voltais... ele, conformais, oh, voltais, ruiva, voltais... dos tempos de praia imemoriais, tua fardinha colegial novamente por sobre a calcinha e também essa tirais... senso sensual, desconexão... Assim, no assombro sempre me responderá o voltais... a doçura do amor eu sei, mas tão poderosos apelos púbios e perfumado querer aflorais... Oh, ruiva, da praia branca, do colégio militar, dos passos longos, do basquete adolescente, do nosso namoro tão profano aos olhos mortais... oh... Si... voltais...

segunda-feira, 24 de março de 2008

ONTEM À NOITE VOCÊ ME FEZ REI


TALVEZ VOCÊ IDENDIFIQUE ESTE TEXTO, APENAS EM PARTE... AS RAZÕES FORAM MEDIDAS.

No outro dia parece que foi um sonho... Não parece que tudo que foi falado tenha acontecido. E ao silêncio vão as orações do arrependimento e da exultação também. Dois contrários digladiam-se para requisitar o que é bom do sonho, o que é receio. A cor de tudo parece impregnado do nome... Tudo é da mesma cor... E que dizer sobre isso? Pedir que as mãos da natureza, que tudo acolhem em mudez, acolham também esse silêncio sufocante que parece ter se libertado, mas pode ter sido apenas um sonho?
Meus olhos têm parentesco com Camões. O esquerdo é meio tortinho. Preferia que parecessem com os de Saramago. Os colegas de infância me torturavam, minha avó mentia docemente, "é inveja deles, esse tortinho é teu charme". Não creio que seja charme, mas não me incomodo, me incomodaria se atrapalhasse minha visão ou se fossem como os de Sartre. Aliás não me incomodaria se soubesse escrever como Sartre. O da direita parece ver as coisas da vida, o da esquerda as coisas da morte (sentido literário)...
Putz, percebo que falar sozinho é tão bom aqui quanto no chat...
Vivi uma época mágica que a sorte ou escolhas de um estranho Deus a quem agradeço, e sei que jamais conhecerei como tantos conhecem, me protegeram de males que outros jovens sofriam.
Não me embrenhei por coisas baratas, felizmente me deleitei em todos os sonhos e realidades que as paixões juvenis passageiras podem dar. Lambi feridas no final de muitas festas, senti dores que pareciam atrozes e coisas que pareciam que iam me destruir. Felizmente, aquilo era o contrário, tudo me transformava lentamente em poeta... ainda não estou pronto, mas agradeço ao meu particular Deus, porque sei que estou no caminho... Do You Wanna Dance...
Tudo está morto para a realidade, mas a vastidão interna do meu ser estende salões enormes, onde sou o rei, sou sempre quem quero... Governo minha própria fantasia, e esse é o poder do poeta, mostrar a simplicidade ou segredos, mas guardar a si... o "Sou"... Olhe devagar enquanto ouve e verá que há mais que um plano...

domingo, 23 de março de 2008

VOCÊ !







OBS. - 1: Aí em cima, "dedo apontanto": não tenho a mínima idéia do sujeito enevoado por detrás da mão. FOTO 1 (colorida). Mary Woolstonecraft, mãe de Mary Shelley, FOTO 2 (P/B).
OBS.-2 TALVEZ VOCÊ IDENDIFIQUE ESTE TEXTO ABAIXO, APENAS EM PARTE... NÃO LAMENTE, AS RAZÕES FORAM MEDIDAS.



A amiga que mais respeito em Letras (tirando os professores, que apenas suspeitadamente posso chamar de amigos), é de Dourados. Ela é, paradoxalmente, a pessoa que mais me feriu com críticas, e ainda fere. Tem uma escrita que parece um bisturi de adamantium, é implacável, fria, quando a questão é postura intelectiva saída do campo chamado Letras. E, por isso, fraternalmente a amo. Amo quem critica abertamente, e abertamente recebe a contra-crítica. Ela é uma das pessoas que dizem que "viajo", e das pouquíssimas das quais aceito esse termo inteligentemente. Acho que carregarei durante muito tempo isso, até porque "viajo" mesmo. Mas essas viagens tem muito de coisas que só poderão ser explicadas até depois de meu tempo. Não existe nada tão simples como parece, não mesmo. Aliás, felizmente, não existe nada tão simples. Minha condenação é essa, enfim, ser incompreendido muitas vezes já a partir da estética, mais leve dos três esteios da composição textual, falada ou escrita... Bem, continuemos...
Nada é seguro no campo teórico, Literatura pra começar. Outra coisa nada segura é a psicologia, tenho razões sólidas (perdoem-me não citá-las aqui, ao menos hoje) para assegurar isso. Mas, a poesia depende dessas duas coisas, e de certa forma estou sempre em companhia das duas, sempre, eu disse, sempre. Finalmente, agradeço ao Carlos por me criticar, como minha amiga de Dourados, abertamente. Isso nos faz crescer; nos tornarmos melhores com esse tipo de crítica. E, sinceramente, espero que ele continue criticando, e recebendo contra-críticas e críticas. Abração Charlie! Ou é Charles? Dirá "Nada disso, é Carlos!"? Bem, vou continuar dizendo: "Charles... meu bom amigo Charles..."
É pena que utilizem tanto isso de tema e contexto, sem obrigar o cérebro a pensar realmente com amplitude sobre qualquer tema que se trate. Toda a área humana, e mesmo exata, ao longo de séculos mostra arrazoados os que transcenderam o "tema". Freud apenas prosificou o que Shakespeare decretou em peças, após um roubo como nunca haverá igual, de resto, Freud não explica mais nada, está morto! Mas vive, e vive muito e sempre viverá... Mas, Shakespeare É, nem que o terceiro nisso, mas, É. E o Frankstein engana a todos através de Satã (Baudelaire), fazendo pensarem que não existe... Que não é tão importante assim o desprezo do qual a arte fez alerta tão preciso pela filha que sem saber matou a mais doce das feministas.

sábado, 22 de março de 2008

PATTI SMITH - PEOPLE HAVE THE POWER







Na primeira vez que vi o clip, não poderia imaginar que era a "Rainha do Punk Rock". Também não poderia imaginar que aquela descabelada com olhar de cinzas vivas e nitroglicerinadas pudesse chorar tanto pela injustiça da lobice do homem. Redimir e condenar o homem é uma briga tão sangrenta do sangue invisível da intelectividade que ainda não pararam para avaliar com realidade algo tão só aparentemente irreal.

Eu gosto da acidez, da realidade, da vontade que tenho de acreditar em Diogo Mainardi. Gosto de ouvir (ler) gente genial como ele, apesar de achá-lo tolo quando chama de tolo gente maior que ele no campo imaginativo. Gosto que ele seja impiedoso com a laia lobal vestida de fofinhos dom quixotescos. Gosto que toque o ferro até nos puxa-sacos dele.... Mas... prefiro a aposta no fracasso, prefiro o Sucateado Sartre que Diogo. E nas relações estranhas e aparentemente improváveis, e aparentemente prováveis, vem Paulo Francis elogiando Sartre, vem Sartre distribuindo panfletos de Mao Tsé Tung, vem Diogo Mainardi.


Patti Smith diz que: "o povo tem poder", mas, de forma oblíqua, enevoada, não dada, sim, desafiada. Diz sobre exércitos estranhos e estranhas coisas, mas as imagens do clip deixam clara a crítica contra a patetice da prática do comunismo sem o preparo de 10 mil anos, sério, que é necessário. A voz dela é linda, as batidas harmonicamente lindas, os olhos, os olhos dela... Deus, que música linda : http://br.youtube.com/watch?v=i54t4rrS950 . Verifiquem...


Eu nasci sozinho, nada devo a ninguém... é isso que sei, do que não sei, devem ser minhas dívidas quanto à vida. Vou fuçar livros, filmes, arte, enfim... talvez me aproxime mais de Deus, do comunismo que não existiu, do home não lobo... da mulher que ama e consegue ser amada com liberdade... People have the power... Stranger Love... Enjoy The Silence, que coisa... ALL.

sexta-feira, 21 de março de 2008

LINGUAGEM DE BLOG - A MORTE DO MEU PENDRIVE







Sinceramente, não faço a mínima idéia de como se escreve Pen drive. Não sei escrever Pen-drive, talvez se escreva assim mesmo. Se fosse por simpatia, escolheria Pendrive; Isidore Ducasse me influencia nisso de gostar das coisas em blocos. Mas, o nome dele não vale mais, aliás, nem seu corpo vale mais, afinal, ele está morto.

Me pergunto, quem é o culpado da morte do meu pendrive? O cara que ligou os fios errados do receptor na placa (seja lá que diabos seja isso tudo)? Eu? Não, eu não, de jeito algum; fiz algo tão básico, colocar o pingolin do Pen na pingolinha da aparelha (isso mesmo, fêmea, cheia de buracos). E então: "pift", foi para os quiabos (E até hoje não sei o que há detrás do sentido desta frase, mas sei que boa coisa não é). A propósito, só quem realmente sabe cozinhar bem, é capaz de preparar quiabos a contento geral.

No mesmo dia que morreu meu Pen Drive, isso, o meu amigo Pen, vi que uma santa chorou no México. Não sei se as santas choram mais nos países pobres, parece que é assim, e isso me parece lógico. Não sou muito forte de fé, a maioria de minha fé comum é feita de medo, e a fé genuína que tenho, todos se recusam a entender, e acho que estão certos nisso, é confuso demais.

Depois que morreu meu amigo Pen, eu o segurava na mão, queimado, e pensava: "Putz, tua alma era feita toda de minhas escolhas, toda a vida que em ti havia, as falas, as imagens, a música, a arte toda, eram escolhas minhas... Como pude ser tão cruel, deletei de ti tudo o que a mim não mais era útil, sem me questionar que você poderia estar afeiçoado à tranqueira toda". E o remorso foi tanto que quase guardei o corpo de meu amigo, que não criaria os vermes, parentes daquele primeiro que comeu Brás Cubas. Mas, me deu medo. E à noite? Uma noite abafada, quente, olharia na minha mesa esculhambada e assustaria com um brilho de pequenino olho de luz... Ao acalmar pensando "esqueci algum treco ligado", poderia vir novo medo ao ver que o Pen era que emitia brilho, o Pen morto... Com todas as pornografias que gravei, de volta nele, com todos os textos miseráveis e os rascunhos de trabalhos que para nada mais serviriam... As fotos de parentes que nunca verificaram a arte de Gisele e que posaram de braços cruzados e olhar desconfiado, e pior, minhas cópias de blues, logo de blues que dizem ter algo com o pé-preto...."""Cruzes"""". Tantas coisas pensei, mas o pior de tudo foi conferir o quanto sou mísero, despojei meu amigo Pen antes de enterrá-lo na mais comum das valas de traças literárias, o cesto de lixo... Quando o joguei, me senti o coveiro de Mozart. Mas, pior para mim e meus remorsos, guardei a tampinha dele com uma mísera justificativa: "bom, se eu perder a tampinha do novo, ponho essa". É estou de pendrive novo, "rei morto, rei posto"... Não sei se o chamarei Pen 2, ou de Erasmo, em homenagem ao escritor da loucura... Ou Sartre, já pensou? Um pen drive com o nome de Sartre... Putz... Ele ainda está virgem... Mas acho que logo, logo, meto uma foto da Pamela Anderson ou Tiazinha nele, ou música do Renato ou Bob... Mas, afinal, foi melhor falar de meu finado amigo Pen que de santas... Nunca me dei bem com elas... Minha ex é uma santa... E chorou tantas vezes... Mas, sei lá, tenho dificuldades em acreditar em choros... Chego a chorar quando penso nisso, da pouca fé que tenho em choros... E da máscara de medo que reveste todas as chances de eu ter uma fé maior que esta que cabe na dízima parte de um drive... Dízima? Dízimo? hmmm, eita fé danada... Tô fora, cadê meu pendrive?









quarta-feira, 19 de março de 2008

EU E MIM OLHO.





Por que não olharia para mim mesmo e para mim próprio não escreveria? Faço isso o tempo todo, com papel cinzento e necessariamente confuso... Tudo mora, nasce e nunca morre, ou dorme de forma estranha, neste átrio da cor das manhãs escocesas. A ausência de amor torna de uma doce aridez a casa do poeta... E os meteoros caem, sulcando com a redondez de seus beijos brutais o chão do átrio que nem se importa ou se importa... na realidade é o chão do "Sou"... Este pão, que eu mesmo amasso e cozinho no fundo do chão solitário, próprio da natureza descrita entre os reis que visitam Cristo em Saramago, eu o entrego sempre, mesmo que de sua junção de grãos e de sua fermentação ninguém muito aproveite na hora, um dia a fome será recompensada... A fome dele, do pão, em comer as bocas alheias espalhadas pela miserabilidade do que chamam mundo... Aqui, sendo por esse átrio, empresto dele as razões absurdas da sobrevivência sempiterna...


Defensor fiel da melancolia, gosto no momento da morte, quando zombamos da turma da auto-ajuda que acha que a vida é de alegrias mornas e ois tão fingidos que doem... Em 1956, faltavam 7 anos para eu nascer, e Ângela Maria cantou, falou em sonhos, recordações, amor, "em nome do amor", em "nós dois"... suspendeu o Adeus... há um adeus que chega e não dá pra deixar para depois, ele me incomoda, mas me fascina, pois se não é o inimigo que mais nos fascina quando não há terror... Se fumasse, pediria um último cigarro, como não fumo, pedirei um último beijo na boca, de um anjo, nem que tenha que pagar 150 pratas, que é o valor médio de 2008... 150 pratas por um beijo falso, na despedida do farsante que mais intimamente conheci... A luz do cabaré, já se apagou em mim, o tango na vitrola, também chegou ao fim... parece me dizer, que a noite envelheceu, que é hora de chorar e de dizer... adeus...

INSEGURANÇA


Harold Bloom fala muitas coisas fortes. Ele é forte demais, considerando que o mastro principal da navegação chamada vida, principal navegação e por si própria o motivo de si (baseado em Montaigne). Para Bloom, apesar de Freud ter apenas prosificado o que escreveu Shakespeare, é o psicanalista precursor, um gênio da escrita. Em parte, entendo algumas coisas que Bloom diz. Infelizmente (pelo fato de não ser tão forte em conteúdo quanto ele) sou obrigado a concordar com muito do que diz. Mas, felizmente, muito do que com ele concordo, faz parte de constatações próprias, nessa intimidade da leitura e empirismo (constatação por experiência própria). Lembro-me que lia de tudo, quando menino, e que tirava lições do que conseguia naquelas minhas leituras paupérrimas. Lembro-me de algumas coisas, principalmente, entre as que lembro, de coisas tiradas de bolsilivros. Uns romances "apressados" (devido ao formato, e público), a maioria ambientados no western estadunidensse. A fase mais gostosa desses livrinhos, foi ter encontrado "Gysele, a espiã nua" e outros deleites tão preciosos à adolescência. Li, certa vez, uma historieta, num bolsilivro, que centrava uma acertante de loteria. Ficara rica, e trabalhava num escritório miserável quanto ao ambiente. Ela, segura pela fortuna que adquirira, passou a tomar atitudes diferentes, que antes não tomava, pois colocaria em risco a vaga no trabalho. Lentamente, revolucionou sua vida a partir de atitudes como defender alguns que sofriam injustiças; peitar os chefes em razão de buscar melhorias para todos. No final, ela reformou a vida e conquistou o gerente bonitão, sem ter tocado num só centavo de sua fortuna secreta. Detalhe, foi promovida. Lógico que a história hoje seria muito bobinha. Mas, certamente passou sua tese, serviu à minha reflexão, e quem sabe tenha interferido nas minhas ações. Talvez, uma parte do que diz Harold Bloom seja querendo conceder o benefício de que a partir da leitura de romances podemos fazer uma releitura de nossas próprias vidas e tomar novas atitudes, reformando-as. E talvez, por isso, ele recomende a prudência da boa escolha sobre os livros. A mesma prudência que temos sobre quem podemos ouvir e que ouvir traga-nos uma melhoria nas atitudes, e na vida. Nos traga a evolução mental necessária à evolução pragmática.

sábado, 15 de março de 2008

A POESIA CONFUSA DAS VOZES ALHEIAS


- Cara, que vontade de chupar um bico de peito, podia ser um "peitim" mesmo... ia demorar um tempão ali, mamando... Quer dizer, acho que não... Tô numa vontade, caaara, "cê num" imagina...

- O "Curíntia" empato...

- People have the power...

- Sei que ele vai batendo aquele martelo, até estourar pedaço de concreto, parece que o negócio dele é esse, estourar concreto.

- Ficarei aqui pensando um pouco... Nem esquenta, não contarei nada pra ninguém...

- Ei, essa que á a Evil Lavrigne? KCT, é boa, heim...

- Camilo era bicho brabo, heim... nem amigo perdoou... Ei, pode ler mais pra mim noutro dia?

- Cara, o Roberto dá as frases dele, disse: "Nada resiste ao trabalho"...

- Por que tanto sono num horário destes?

- A Cleópatra era nariguda e puta...

- Então, quando eu era pequeno acreditava em Papai Noel...

- Lembro-me, Shang Shi se entregou para Morfeu apenas quando não havia mais a mínima chance de continuar a resistir... Que o restaurou, após uns poucos minutos de ensaio para a morte.
- A guriazinha soletra so-le-ne-men-te.
- Dizer tchau é o mínimo viável...


sábado, 8 de março de 2008

EGO, EGOS, EEEGOS, EGOOS, E-GOS, E.G.O, TANTOS...




Seja qual o brilho que produzas, saibas, estarás incomodando alguém. Isso é fato, não se trata de uma questão pedinte de provas. Teu cabelo está bonito? Alguém vai se incomodar... Comprou um novo sapato, uma nova sandália? Alguém vai se incomodar. Está de namorado novo, ou tem trocado muitos sorrisos e beijos públicos, muita, mas muita gente, mesmo, vai se incomodar.

É compreensível que muitas vezes quando alguém se incomoda conosco, é um incômodo justo. Sim, todos, em parcelas maiores ou menores, costumamos mexer no “botão de volume” do brilho que temos, às vezes damos uma “bombada” no que nos é peculiarmente bom.

Esse preâmbulo ocorreu para anunciar que sei perfeitamente que incomodo muita gente com minha participação em sala de aula, perturbo professores e colegas (e até super-estagiários) com minhas proposições, perguntas, questionamentos. Mas, onde é que estou? Pergunto? Num lugar onde se trabalham as questões de forma participativa e questionadora? Já anunciei humildemente, várias vezes, com realidade, que não pergunto, proponho ou coloco comentário, se não é realmente importante para mim a “coisa”. E tenho plena certeza que os que mais incomodo estão entre os que também me incomodam (principalmente com a inércia e covardia, e mais principalmente ainda porque nem sabem o que estão fazendo no Curso).

Me incomoda a falsidade, mesmo sabendo que sou falso também. Só que, sinceramente, minha falsidade é do tipo comum, é cobra sem presa inoculadora, sou falso na questão de não optar por cara feia e silêncio. Isso é de meu ser, e não pretendo mudar, vou continuar “falso”. A falsidade que me incomoda é aquela que tem em si a articulação. É aquela praticada, executada, é o movimento vil. Ninguém é obrigado a “gostar” de ninguém, mas a tolice deveria ser banida de um meio que pede a aceitação por excelência.

Sartre diz que somos nosso pior inimigo, e Sartre, principalmente por ser Sartre, tem razão nisto. Temos que enxergar nosso nariz, que está mais próximo que pensamos. Eu mentiria se dissesse que não fico magoado de ver confundida com empáfia a expressão que reflete minha busca.

Quando ganhei o direito a uma cadeira em Letras, não tinha ilusões quanto ao tipo de ambiente que encontraria. Eu imaginava mais ou menos o que encontrei, com algumas exceções não tão fugidias às previsões. Mesmo assim, me chateio com a mediocridade de um lado e de outro, me chateio com a hipocrisia, com o “faz de conta que estamos fazendo algo, faz de conta que a participação é boa e abençoada, faz de conta que estamos aqui para discutir e aprender”.

Felizmente, a maioria importante, tem uma atitude ou neutra ou favorável à permissão plena em participação. Felizmente, há em maioria, professores que permitem a participação e entendem que uma casa de ensino é uma casa de erros, é uma casa de iniciativa constante, de debate constante. Uma casa de letras, é uma casa de letras, fracas, médias ou fortes, e o forte começa sempre no fraco, e quem ainda não viu isso, desabençoa o próprio cérebro.

Continuarei participando, perguntando, mesmo que com meu irritante tom vacilante e com outros aspectos que estou corrigindo muito lentamente, e que muitos jamais serão corrigidos, porque, graças a Deus, sou imperfeito. Estou sempre aberto às discussões e fechado à cretinice. E se alguém sentir que estou sendo cretino, venha, eu o tratarei bem e utilizarei honestamente a informação.

Sempre li, amo leitura, amo a escrita, amo letras, as letras estão em meu sangue. Por fortuna, conheço alguma coisa um pouco mais, e sou capaz de escrever contos, romances, poesia, e seja lá o que eu quiser. Mas estou em eterno aprendizado, é óbvio... Tenho que ser humilde, mas não sou obrigado a esconder os únicos dotes que realmente agradeço a meu Deus e a mim próprio. E sei perfeitamente que não tenho dotes que vejo em tantos colegas, e que positivamente invejo... Mas, afinal, teremos todos que nos engolir... rsss

segunda-feira, 3 de março de 2008

Nada resiste ao trabalho da união


Me convenço cada vez mais de que que temos que viver em um estado de constante crítica e mutação quanto às escolhas em geral. Muito rápido acontecem as mudanças, sobre tudo. Nada escapa às mudanças nesses dias nos quais a informação se encontra cada vez mais "à mão". Alguns inteligentes garotos me deram a honra de poder a eles passar algumas informações culturais, e com esses jovens mosqueteiros empreender tarefa artística e aventura no ramo de vendas e prestação de serviços. Não tenho dúvida alguma quanto à capacidade deles; sei que, quanto à inteligência, à habilidade com que terão que lidar com os elementos que lhes serão dados, não haverá problema algum. Com o que me preocupo é a disposição que terão que ter, e a lealdade. Não porque neles não veja honestidade e boa vontade, e sim porque sei que o tempo leva ao tédio nessas matérias, e o tédio é o inimigo do sucesso coletivo. E não quero que apenas um se consagre, quero que todos alcancem seus sonhos, que tornem-se esses jovens grandes homens e mulheres. O mais importante, para tudo isso, é que eu consiga fazer com que se sintam famintos e sedentos de saber, e que saibam, precisamente, a importância do "um por todos e todos por um"...