NEXTTERES

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NO PRÓXIMO TERERE SEMPRE UMA PROSA

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A MORTE (?) DE 2010, PÍLULA AZUL, HAPPY CHRISTMAS, IRMÃO, HAPPY CHRISTMAS... PILULA AZUL...











REFERÊNCIAS DAS IMAGENS:
ospoemaspreferidosdebarbarah.blogspot.com
rafabrugger.blogspot.com
crisbolivia.net
sanantoniopperty.org
overmundo.com.br
flickr.com
photo.net
kinesismarketing.comuk
idaysy.egodigital.net
isaacefilho.blogspot.com

Em pouco entrará para o mais real e poderoso universo paralelo do homem (a História) o ano de 2010.
A mais propensa maneira de se errar sobre um período factual é julgá-lo antes que se torne, de fato, história, diz Hobsbawm (Era dos Extremos, Cia das Letras, 1995).
Mas, "isso aqui é um blog, lembram?"; com exagerada "licença poética", inclusive para abusar da misteriosa (vide Luis Fernando Veríssimo) utilização do ponto e vírgula, ou seria ponto.vírgula? Ou ponto;vírgula? Ou ponto/vírgula? Muito mais um lugar de erros (desde que haja evidente esforço em não caluniar ou injuriar, ou ofensa grave outra), no caso de assuntos amenos e insultados por Sartre (Que é a Literatura? Editora Ática, 1993). Observando-se que meu genial amigo, o pintor Luciano Alonso, diz que a base do conceito central sobre Arte é que ela não tem uma finalidade, em si, a não ser a pura estética. E sempre "encosto" aqui, na arte, o que me leva a pensar que tenho direito a certas concessões.

A interpretação distorcida de textos divinos ancestrais chegou a níveis inimagináveis, para aqueles que apostam na fuga do homem para o universo unicamente popfashion, em sua eterna busca de ouro e luz mariposal. A preguiça humana para coletivizar os utilitários e bens naturais e estabelecer uma fraternidade de menor cinismo, nunca foi tão evidente. Parece que os confortos tecnológicos e as maravilhas de consumo estão matando não alguns homens, mas toda a humanidade (morte no conceito poético de Mac Arthur: "ser jovem" - existente aqui mesmo, no blog). Assim, os contadores de lorotas mágicas assumem lentamente, novamente, grande parte do poder, que querem sempre maior, ao custo das generosas e omissas cegueiras coletivas. E só não há maior lesão ao humanismo porque a "monarquia" e "burguesiaS" mais vigorosas requerem com força, e muitas vezes com amplas violências, os seus quinhões; seguram seus gigantescos bocados com mais rosnados sérios que cães debruçados sobre ossos frescos.

Pílula azul ou vermelha? Sinceramente, gostaria de fazer como o vilão do filé em "Matrix", esquecer a realidade, prover-me de coloridos abstratos na mente, de perfumes imaginários, de sorrisos generosamente falsos, de bobas mensagenzinhas positivas, somente. Colocar a merda do "então é natal..." na vitrola, uma camisa indiana branca ou bufosa, gel no cabelo e postar-me ao mundo mostrando-me cinicamente estupefato com os pessimistas, descontentes, revoltosos... "Como, gente?" (a vírgula anula o efeito Serra, ok?) A vida é maravilhosa..." É, eu gostaria, sim... Mas não consigo, há mais coisa conspirando em minha alma para que não reja a pílula azul, a reger por completo meus entendimentos e percepção do mundo. E creio que mesmo que eu estivesse todo nababo e não "toco" como estou nesse findiano, ainda assim, francamente, seria esse meu estado.
Trecho da entrevista de Mariana Ximenes (para o UOL), uma "global" (seja que diabos realmente signifique isso de "global") a mostra dizendo que cresceu ouvindo Gonzagão e que por quantia fabulosa alguma posaria nua. Sua resposta quase ingênua, simplista ao máximo, mais fashion impossível, dá que quer agradar a patuléia (expressão de propriedade primária de Elio Gaspari) e em segundo (conforme a resposta e não seus íntimos pensamentos) (penso) não tem a menor idéia do que significa o nu na Playboy, Sexy ou outras revistas, e da sensualidade como poderoso esteio na arte, principalmente cinema, novelas (tolas que sejam) e teatrinhos comerciais (que o termo seja entendido apenas brutalmente pejorativo) e o significado natural da nudez de alguém famoso, o que gera na libido do "povo". Tem mais coisa na entrevista... Mas, paremos por aqui, sobre as branquelas do mundinho melrose, do grande pastelão de compadres. Essa é a parte mais light, do light, do light, do problema onde parece não haver problemas, do reino do "Chá-apanhe-das 5" (expressão do General Mota).

Um pai matou os dois filhos, um de 13 outro de 12, junto com a madrasta deles, e os esquartejou e espalhou os restos pela cidade (não lembro o nome, mas creio que é interior de SP). Os lixeiros "desvendaram" o crime, o "casal", pegou perto de sessenta anos... Mas, considerando implacavelmente, talvez saiam a tempo de ter mais filhos...
Então é natal... Tenho certeza que em playmobilândia, os playmobiles, milhares deles, acham que a Simone é que fez essa música. Pretty Vacant... Essa a Simone não canta para o povão... (o que é povão? O contrário de povinho, uma quantidade maior de gente, as gentes que aparam pão no ar, mesmo que não precisem, os popspops, os popsfaChions, ou os mais chiques, os fashionspops). Amo o Brasil, amo sim, de verdade, principalmente porque sou de fato brasileiro. Mas tem acoisa aqui, na arte, e principalmente na artezinha, que há décadas aqui substitui a arte, que só dá para engolir se há um estoque de vermelhas... Ou azuis?

Minha felicidade, olhar meu filho e saber que ele gostou muito de Suskind; que gostou muito de "A porta no chão", com Jeff Bridges; que está gostando de "Rome"... Minha felicidade, olhar na Rocío e saber que tenho a namorada mais interessante e bela do mundo... Minha felicidade, saber que tenho um amigo que pagou antárticas no Barfly sob blues; que tenho o melhor dos capitães, San Lucas... Que o Robbie sempre poderá me socorrer o micro, quando seu humor estiver suscetível ao "aê"...", e der aquela risadona e um "passo aê...", que o Bira me faz visitas às tardes wildianas, e o bom centurião Maninho passou a fazer o mesmo; que o Alessandro liga: "Jorjão..."; que o Gunther me socorre com seu alazão vermelho, que seu primo Arilson contrapõe-se ferozmente as minhas idéias e com suas críticas obriga-me a reavaliar e reapraender; que o Luciano pinta quadros fantásticos e fantásticos, tenho a visão crua e requintada, aguda e suave, do Patrick nas artes, sobretudo, e temos o João; que tenho mãe e irmãos, e uma irmã brilhosa e brilhante que chama Lua e ama Filosofia. Tenho um tio chamado Ramão, sua companheira fiel, a japonesa Teresa, tenho primos, um parceirão de canastra chamado João, um inimigo feroz no xadrez chamado Guarda Giba e um tio de humor irreparável chamado Álvaro. Tenho alguns loucos que leem meu blog; Tenho o Google, tinha um pai herói, tenho o surrealismo e o punk juntos.... No meu país nasceu Renato Russo, Machado de Assis, nasceu Bernardo Rezende do voleibol, aqui nasceu Ademir da Guia, aqui veio Saramago, que fala português e para sempre falará... Às vezes, de manhã, faço suco de laranja com gelo e açúcar, ovos fritos e torradas de pão dormido; tomo café enquanto leio Bloom. O poderoso Nolasco não curte muito ele, mas, embora eu seja fã também de Nolasco, puxa... Amo os defeitos de Bloom, sabe... sua paixão torta, maliciosa e injusta. Amo entre todas do letrado mundo, Rosana; Rosana nas alturas, Rosana nas alturas....

A literatura está morrendo, concordo, não há como não concordar que diminui, diminuirá ainda mais, e morrerá, vítima da "evolução", onde miseravelmente os fortes sobrevivem e tudo será chips. Mas estarei morto antes da morte da literatura, e felizmente meu filho terá tempo de tê-la por amante, a mais-mais de tudo e todas, a quem antes de se dizer "tudo se escreve para se tornar tela", dizia-se "tudo acontece para se tornar literatura". Falo bobagens, posso dizê-las. Mas é séria e bela minha alegria que após o RPG e cinema, vem para meu filho, a literatura... Esse foi meu presente divino de 2010 e para sempre. Ele está em companhia de Humberto Eco, pode? Então, A chama da Rainha Loana...

Então é natal... Pílula azul, consegui por alguns instantes.... consegui... Pílula azul, Happy Chistmas... Pílula azul.... Happy the Christmas... Mas??? Pílula azul Happy the Christmas... Mas, mas... mas (?)... Pílula Azul... Happy The Christmas.... FELIZ NATAL, PENSE!

sábado, 11 de dezembro de 2010

FLORES, CORES E KEATS









REFERÊNCIAS DAS IMAGENS (obs, não por esforços em tentar encontrar, faltaram algumas, em caso de reclamação, reporte-se com os direitos ao meu e-mail descrito no perfil).
renocogensoc.blogspot.com
keats-shelley-house.org
mitodepandora.blogspot.com

Wilde, sem dúvida, era elitista... Mas, já leram sua compaixão? Como todo Gênio, ele faz você se perder tanto em seu eixo deslocável principal, o cerne de sua alma, o cravo que o define como ser, como nos pequenos planetas que constrói que por uma infeliz falta de termos direi "especificidades". É muita gente grande que se rende, e porque poderia ser diferente?, a Oscar Wilde (notaram o ponto de interrogação e depois a vírgula? A linguagem é plástica, senhores). Wilde gostava de flores e alardeava a influência em si, de Keats, e em Chá das Cinco (Trad. Marcello Rollemberg - Lacerda Editora, 1999:15-18): "...quando vi as violetas, as margaridas e as papoulas que cobriam o túmulo, lembrei-me de que o poeta morto havia dito certa vez a um amigo que 'o maior prazer que teve na vida foi ver as flores crescerem'"; "em outra oportunidade, após permanecer durante algum tempo deitado e imóvel, murmurou com um estranho pressentimento a respeito de sua morte prematura:'sinto as flores crescendo sobre mim"... E eis um pequeno trecho de Wilde, inspirado em San Sebastian e Keats: "Libertado da injustiça e da dor do muno,/Ele finalmente descansa sob o véu azul do Senhor,/Tirado da vida quando vida e amor apenas principiavam/Aqui descansa o mais jovem dos mártires/Como Sebastian, belo e impiedosamente morto./Nenhum cipreste sombreia seu túmulo, nem qualquer teixo funerário,/mas apenas margaridas rubras, violetas orvalhadas; E sonolentas papoulas, que recolhem a chuva do entardecer.?Oh, orgulhoso coração que a tragédia destruiu!//Oh, o poeta mais triste que o mundo jamais viu/ Oh, o mais doce cantor das terras inglesas!/ Teu nome foi escrito com água sobre a areia,/Mas nossas lágrimas manterão tua memória viva,/E a farão florescer como a um pé de manjericão. E sobre o túmulo de Keats está escrito: "Este túmulo contém tudo quanto de mortal havia em um jovem poeta inglês, que em seu leito de morte, na amargura de seu coração, pediu que se gravasse na sua placa funerária: AQUI JAZ UM HOMEM CUJO NOME FOI ESCRITO EM ÁGUA".
Mas, falei de Wilde e sua compaixão e em meu estilo "a meio segundo de mudar a direção de segundos e segundos" e acabei enveredando por sua admiração por Keats e suas flores. Wilde abre seu coração sem deixar uma janela sequer fechada, em De Profundis. E falar de De Profundis é perigoso, não pela tolice que invoca no mundo mental raso, sim pela sua "profundisdade"... Sobram maravilhas literárias em De Profundis sustentadas pela ruína wildiana, cujos contornos dramáticos, embora sejam impossíveis de serem separadas dor artística e dor verdadeira, mostram a fúria titânica de uma aliança onde a sutileza em mais uns poucos instantes explodiria... E o perigo maior vem de o pequeno falar do grande, de tentar transportar toneladas, com braços desprovidos do devido poder... Mas, mesmo com simplicidade e mediocridade conscientes, não resisto em mencionar que Wilde, com seu estilo epistolar único, faz arrasadoras denúncias sobre o ambiente carcerário inglês da prisão em que se encontrava e especialmente defende um guarda carcerário que não resistiu à visão de uma criança (ficavam juntos com os adultos) mirrada, presa, esfomeada, e ofereceu um pedaço de pão, fora dos regulamentos. Claro que é preciso ler isso em De Profundis para receber um dos milhares de prêmios de Wilde, vítima às vezes voluntária da tragédia, e não só preciso mas genial escritor sobre a bestial e rica natureza humana... Mas, o melhor de De Profundis, relaciona-se às flores também... É o momento em que Wilde se aproxima da liberdade e escreve direcionado à situação em que estarão os jardins, as flores, em como estarão as esquinas floridas por onde em breve passará já em liberdade... Wilde, Flores, Keates... Flores... Flores, Mulher, eu vejo flores em você, eu vejo flores em você... (Ira).

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A NATUREZA SEMPRE DARÁ RESPOSTA À OMISSÃO, MAS FELIZMENTE








REFERÊNCIAS DAS IMAGENS:
mosaicos-cida.blogspot.com
docecomooachuva.blogspot.com
coisasdabrenda.blogspot.com
experienciadevidacomdeus.blogspot.com
viciodeamar.loveblog.com.br

DEUS é uma questão de fato espinhosa, sanguínea, bastante difícil; mas, sobretudo o maior problema existente na questão religiosa é separar a materialidade da espiritualidade. Não foram os próprios construtores da idéia chamada "alma", e da separação "corpo" e "alma" que propuseram uma distinção de naturezas, e a prioridade da última sobre o primeiro? Estou quase chegando a meio século de vida, e considerando meus infortúnios e fortunas pessoais (níquel não tenho um só sequer, vou logo avisando a interessados; quando me refiro à fortuna digo que sei ler Saramago e Suskind, por exemplo, e olhar vários minutos Dali ou Michelângelo, ou ser um dos poucos a entender o que de fato representou o raio chamado punk rock) tenho certeza absoluta de que ao menos tenho mais paz interior no tocante à questão. Enfrento idiotices diárias de gente de natureza mental simples que mostra na materialidade, no sucesso material, na prosperidade financeira uma resposta de Deus para as pessoas de fé. Isso é uma piada no mínimo grotesca e cruel. A picaretagem tem chegado a níveis extremados, baseada na mais antiga (e felizmente na literatura, maravilhosa) confusão entre os homens, a babel chamada "interpretação". O cinismo é um jogo especial no mundo religioso e livrar-se do aperto a que somos submetidos cada vez mais pelo crescimento da fuga simples da responsabilidade humana sobre si própria, em que cada vez mais ao invés de solucionarmos as coisas através de uma verdadeira união e desprendimento, dizemos "Deus vai ajudar". Bem, o Plebe Rude já falou genialmente disso em uma música, procurem, no Youtube deve ter. Então, o que é o passo inicial? Mostrar que a compaixão e não o estalo de níqueis e disputa de superpompas de falastrões é o que deve ser a base da humanidade enquanto sofre. E depois, se conseguirmos e der tempo, Deus poderá nos ser dionisíaco, poderemos ser todos hedonistas, logicamente sem a perfeição utópica que é outra cartada cínica que vem sendo aplicada a ciclos variados desde que o homem organizou-se em sociedade. Compaixão... Sempre conto, talvez até já tenha contado aqui, um lance real de minha infância miserável. Eu tinha 4 anos de idade, e aliás, surpreendo-me de lembrar com tanto rigor de detalhes (que aqui não poderei descrever todos) a passagem. Pois bem, tinha eu 4 anos e pouco, e tínhamos uma senhora de vizinha, creio que de nome Edith. Abençoada, santa em estender a mão e tentar salvar nossos constantes desesperos. Ela tinha uma filha, Nilza, com olhos castanhos e úmidos, já naquela tão verde idade usava um óculos de aros iguais ao do Roy Orbyson. Em uma tarde passada de morna, estávamos sozinhos em casa, meu irmão dormia no cubículo que chamávamos de casa, e há pouco escapara de uma crise de desidratação e eu era o frágil guardião de tudo por ali. Ouvi um ruido na grama vizinha à janela da "dona" Edith. A porta estava fechada, a janela deles aberta. Eu sabia que a Nilza estava na peça. Fui até o pequeno quadrado irregular de grama agulha bem verde; caiam cascas de uva. Não titubeei, em pouco já terminara todas e conforme caiam eu as levava goela de miserável abaixo. Então cessaram, e antes que eu me desse conta do que acontecia, dei de frente com a menina. Ela me olhava fixamente, com um pequeno cacho de uvas em metade, estava, em sua magreza natural, linda como um reflexo de sol suave entre castanheiras esparsas em um final de tarde em jardim europeu de bons cuidados... Lábios úmidos (eu tinha 4 anos e meio e percebia isso), tinha o rosto inclinado, e com a voz de anjo, vestida em blusa branca e saia xadrez (uniforme de escola do qual não se livrara) disse: "que está fazendo?". E eu, com a frieza e desconcerto controlado, natural às crianças miseráveis, respondi "comendo as cascas de uva". E ela não disse nada, estendeu a mão e ofereceu o restante do cachinho (talvez tenha dito um: "tome, coma"). Isso, somente, já vale o universo humano, o ato daquela menina, também pobre como nós, e ali, sozinha, sem ninguém a impulsioná-la no ato misericordioso; com 5 anos de idade, entendendo o que se passava. Então eu disse algo que faria com que eu chorasse muitas vezes no futuro, toda vez que tentasse contar a história, que em anos não tive coragem de contar, embora tenha começado a me perseguir em determinado instante da adolescência em que contamos histórias uns aos outros. Disse: "não... eu como as cascas mesmo, coma as uvas...". Ela segurou minha mão (sei, é difícil de acreditar, mas é verdade), pôs o cachinho de uvas pela metade, e se afastou. Aliás, deve ter se afastado, pois a partir dali tudo é uma bruma. Ela era filha de uma senhora umbandista. Mas tenho plena certeza que isso não importa, creio que poderia ser filha de ateus, de evangélicos, católicos, budistas ou qualquer outra... Ela teria feito o mesmo, tenho absoluta certeza. Aquela garota, fiquei sabendo há pouco tempo, é hoje uma mulher materialmente rica, e não tenho a mínima idéia sobre sua espiritualidade atual. Mas não acredito que seja rica porque Deus a compensou, pura e simplesmente. Embora certamente tenha a graça e luz divina em si, creio que deve ter administrado muito bem sua vida, ter controlado seus sentimentos, e deve ter feito as coisas certas nas horas certas. Ela não é omissa, e com certeza descobriu o que é compaixão com cinco anos de idade, ao passo que pessoas dadas a esquentar com suas bundas o banco de templos, têm muitas vezes muito mais que os cinco anos, muito mais que dez vez isso, às vezes, e acham que compaixão é tudo menos dar um cacho de uvas, sempre, sempre e sempre, e sempre. A natureza sempre dará resposta à omissão, e se o mundo ainda tenta ir adiante, sob fogo cerrado de materialistas selvagens e de cínicos disfarçados de benfeitores, é porque esta mesma natureza responde também às Nilzas do mundo. Curiosamente o vinho, as vinhas, tem relação com a vida, com a partilha, no universo cristão, com o sangue irmão... Muitas vezes, quando me sinto muito angustiado, sou libertado por lembrar aquela menina e suas vinhas, felizmente, não um jogo de cena, ela Era, aliás, espero, ela É.