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Nietzsche tem uma frase inquisitória, que coloca na abertura de um de seus livros; cuja obra me diz um amigo que é sua melhor, nos esclarecimentos sobre nós, humanos: "Genealogia da Moral". A frase é: "Como vamos nos encontrar se nunca nos procuramos?". Na época em que eu li essa frase, andava indignado com a falta de procura verdadeira entre os universitários; do foco 'picuinha' que fazem em detrimento ao que seria de fato bom, generoso, a si próprios em primeiro, e pouco a pouco aos muitos grupos sociais carentes de vida/vida intelectiva. E pensei, sua frase é perfeita, afinal, não nos encontramos, mesmo precisando tanto que isso aconteça. E durante um tempo essa interpretação serviu a várias outras indignações e raciocínios sobre a sociedade, para mim. Acontece que adiante, percebi na pele o que Bloom chama de "má-interpretação produtiva" (em outras palavras). Na realidade, lendo melhor a frase em seu contexto, percebi que o que o genial pensador alemão (e sempre haverá um para dizer: mas ele não é pensador, é filósofo... quá) quis dizer foi sobre nossa busca de nós mesmos. Como nós próprios vamos nos encontrar a nós mesmos, se não nos procuramos. E vamos ser justos com o poderoso filósofo (mas ele não era um pensador? Que importa tanto isso, pensador ou filósofo? Quem pode de fato separar a essência de um e outro, sem recorrer ao mais cretino dos sistemas classificatórios?). Pois bem, ele disse: "Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos de nós; de nós mesmos somos desconhecidos - e não sem motivo. Nunca nos procuramos: como poderia acontecer que um dia nos encontrássemos? Com razão alguém disse: "onde estiver teu tesouro, estará também teu coração". Nosso tesouro está onde estão as colméias do nosso conhecimento. Estamos sempre a caminho delas, sendo por natureza criaturas aladas e coletoras do mel do espírito, tendo no coração apenas um propósito - levar algo "para casa". Quanto ao mais da vida, as chamadas "vivências", qual de nós pode levá-las a sério? Ou ter tempo para elas? Nas experiências presentes, receio, estamos sempre "ausentes": nelas não temos nosso coração - para elas não temos ouvidos (NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral - Uma polêmica. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza - São Paulo: Companhia das Letras, 1998). Posso estar novamente interpretando errado; mas pareço perceber que há aí uma desvalorização ao efêmero, ao imediato que desvanece após seu encontro conosco, pois, para que nos serve tanto, espiritualmente, a badalada que anuncia meio-dia, 13 horas, ou o sorriso acompanhado do mais falso dos "bom dias". Ou o desprezo mal disfarçado do mestre que pouco se importa com teu avanço ou potencial... Pois a opinião alheia, poderosa ou superficial, certamente tem valor objetivo; mas sobretudo tens que ter uma proximidade contigo próprio. Não creio que seja muito fácil encontrarmos a nós mesmos; mas isso será mais difícil ao mesquinho, aquele que dá tapinha nas costas e diz, "não se preocupe, Deus vai te ajudar", enquanto pensa "mas não eu"; ao materialista raso, que prefere o conforto do atalho para aliviar a consciência que arregaçar as mangas em favor "daquele". Creio que afastar de nós mesmos a possibilidade de fazer algo pelas pessoas e pelo mundo, meio sem se importar o quanto não merecem ou não merece o mundo, ou o quanto isso é dispendioso e cansativo, nos afasta desse que tanto gostamos de falar com as mais altas vênias, dotando nossos discursos de ares proféticos e poderosos; e muito pior, afasta-nos de encontrarmos conoscos mesmos; pois o homem é singularmente dotado de inteligência, e somente através dessa "coleta sobre a coleta" sobre o mel da sabedoria, da instrução, poderá encontrar a si mesmo; onde perceberá que a distância entre o abstrato e o objetivo é muito menor do que possa pensar. Encontrar a si próprio, enfim, é buscar cada vez mais fugir das reflexões confortáveis e enfrentar o desafio da complexidade presente na arte, principalmente literatura chata. Mas também podemos utilizar a ferramenta dignificada por Platão, o diálogo, sendo que o primeiro passo é descobrir o que isso de fato e não pateticamente representa. E isso é tão difícil, pois, fale em trecos bobos e não terás dificuldade em achar "o outro"; mas fale em reflexões um pouco mais avançadas, e rapidamente poderá estar sob a acusação de prepotente ou "viajão". Talvez por isso o mesmo Nietzche tenha dito em certo momento que a natureza dá longos rodeios para escolher uns poucos... Mas, existem muitos desses poucos, o diálogo é sim uma dádiva existente, apesar dos cruéis "estou sem tempo"; "não tenho tempo"; "tenho andado tão sem tempo"... Jamais seremos inteligentes o suficiente, e felizmente jamais seremos tolos o suficiente; inteligentes o suficiente para dialogar e agir facilmente em todas as situações e com qualquer tipo de tolos; jamais tolos o suficiente para ignorarmos que há o lado de fora da caverna... Mas, antes de encontrar o lado de fora da caverna, é preciso entender que não há apenas uma delas, há uma pandora, e a primeira é em nós mesmos, e a segunda, e a terceira, e não se sabe quantas mais são necessárias ser vencidas, para então sair à imensidão do mundo... O mais difícil é encontrar a si próprio; sem dúvida.
Nietzsche tem uma frase inquisitória, que coloca na abertura de um de seus livros; cuja obra me diz um amigo que é sua melhor, nos esclarecimentos sobre nós, humanos: "Genealogia da Moral". A frase é: "Como vamos nos encontrar se nunca nos procuramos?". Na época em que eu li essa frase, andava indignado com a falta de procura verdadeira entre os universitários; do foco 'picuinha' que fazem em detrimento ao que seria de fato bom, generoso, a si próprios em primeiro, e pouco a pouco aos muitos grupos sociais carentes de vida/vida intelectiva. E pensei, sua frase é perfeita, afinal, não nos encontramos, mesmo precisando tanto que isso aconteça. E durante um tempo essa interpretação serviu a várias outras indignações e raciocínios sobre a sociedade, para mim. Acontece que adiante, percebi na pele o que Bloom chama de "má-interpretação produtiva" (em outras palavras). Na realidade, lendo melhor a frase em seu contexto, percebi que o que o genial pensador alemão (e sempre haverá um para dizer: mas ele não é pensador, é filósofo... quá) quis dizer foi sobre nossa busca de nós mesmos. Como nós próprios vamos nos encontrar a nós mesmos, se não nos procuramos. E vamos ser justos com o poderoso filósofo (mas ele não era um pensador? Que importa tanto isso, pensador ou filósofo? Quem pode de fato separar a essência de um e outro, sem recorrer ao mais cretino dos sistemas classificatórios?). Pois bem, ele disse: "Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos de nós; de nós mesmos somos desconhecidos - e não sem motivo. Nunca nos procuramos: como poderia acontecer que um dia nos encontrássemos? Com razão alguém disse: "onde estiver teu tesouro, estará também teu coração". Nosso tesouro está onde estão as colméias do nosso conhecimento. Estamos sempre a caminho delas, sendo por natureza criaturas aladas e coletoras do mel do espírito, tendo no coração apenas um propósito - levar algo "para casa". Quanto ao mais da vida, as chamadas "vivências", qual de nós pode levá-las a sério? Ou ter tempo para elas? Nas experiências presentes, receio, estamos sempre "ausentes": nelas não temos nosso coração - para elas não temos ouvidos (NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral - Uma polêmica. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza - São Paulo: Companhia das Letras, 1998). Posso estar novamente interpretando errado; mas pareço perceber que há aí uma desvalorização ao efêmero, ao imediato que desvanece após seu encontro conosco, pois, para que nos serve tanto, espiritualmente, a badalada que anuncia meio-dia, 13 horas, ou o sorriso acompanhado do mais falso dos "bom dias". Ou o desprezo mal disfarçado do mestre que pouco se importa com teu avanço ou potencial... Pois a opinião alheia, poderosa ou superficial, certamente tem valor objetivo; mas sobretudo tens que ter uma proximidade contigo próprio. Não creio que seja muito fácil encontrarmos a nós mesmos; mas isso será mais difícil ao mesquinho, aquele que dá tapinha nas costas e diz, "não se preocupe, Deus vai te ajudar", enquanto pensa "mas não eu"; ao materialista raso, que prefere o conforto do atalho para aliviar a consciência que arregaçar as mangas em favor "daquele". Creio que afastar de nós mesmos a possibilidade de fazer algo pelas pessoas e pelo mundo, meio sem se importar o quanto não merecem ou não merece o mundo, ou o quanto isso é dispendioso e cansativo, nos afasta desse que tanto gostamos de falar com as mais altas vênias, dotando nossos discursos de ares proféticos e poderosos; e muito pior, afasta-nos de encontrarmos conoscos mesmos; pois o homem é singularmente dotado de inteligência, e somente através dessa "coleta sobre a coleta" sobre o mel da sabedoria, da instrução, poderá encontrar a si mesmo; onde perceberá que a distância entre o abstrato e o objetivo é muito menor do que possa pensar. Encontrar a si próprio, enfim, é buscar cada vez mais fugir das reflexões confortáveis e enfrentar o desafio da complexidade presente na arte, principalmente literatura chata. Mas também podemos utilizar a ferramenta dignificada por Platão, o diálogo, sendo que o primeiro passo é descobrir o que isso de fato e não pateticamente representa. E isso é tão difícil, pois, fale em trecos bobos e não terás dificuldade em achar "o outro"; mas fale em reflexões um pouco mais avançadas, e rapidamente poderá estar sob a acusação de prepotente ou "viajão". Talvez por isso o mesmo Nietzche tenha dito em certo momento que a natureza dá longos rodeios para escolher uns poucos... Mas, existem muitos desses poucos, o diálogo é sim uma dádiva existente, apesar dos cruéis "estou sem tempo"; "não tenho tempo"; "tenho andado tão sem tempo"... Jamais seremos inteligentes o suficiente, e felizmente jamais seremos tolos o suficiente; inteligentes o suficiente para dialogar e agir facilmente em todas as situações e com qualquer tipo de tolos; jamais tolos o suficiente para ignorarmos que há o lado de fora da caverna... Mas, antes de encontrar o lado de fora da caverna, é preciso entender que não há apenas uma delas, há uma pandora, e a primeira é em nós mesmos, e a segunda, e a terceira, e não se sabe quantas mais são necessárias ser vencidas, para então sair à imensidão do mundo... O mais difícil é encontrar a si próprio; sem dúvida.