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FONTE: www.punknet.com.br
Não tenho dúvida alguma de que a inteligência e a conceituação são irmãs tão próximas que o domínio conceitual geral se confunde com inteligência e intelectualidade. Irmãs siamesas, com independências restritas, influência constante de uma para outra. Aliás, a alguns (pois variados são os leitores deste blog) é até insultante fazer afirmação tão óbvia. Mas, como dizia o grande filósofo Manfredini, o óbvio sempre, sem exceção alguma, é apenas aparente. E ele deu provas materiais disso ao se tornar o maior poeta nacional de todos os tempos até aqui, pois poesia com música é poesia a mais, sobretudo porque varre corações em todas as estações e de todas amarguras ou doçuras, mediocridades ou inteligências. Amo o Chico, mas o Renato é Punk, no melhor dos sentidos que o punk empresta a uma linguagem que o menospreza ou simplesmente despreza por conta de desviar-se das chances tão maiores de sermos realmente humanos. Pop-poeta-rock-punk, Renato Russo soube captar de forma absoluta qual é a voz espiritual perfeita. Ter medo dos sentidos da palavra perfeição não esteve em seu espírito arrojado. Lembremo-nos que a música Perfeição (que a mim revela um toque da influência de Rilke: “...eu celebro, eu celebro...”) além de ser realmente perfeita complementa outra estonteante, “Índios”. Onde um índio diz ao homem “comum”... “Peraê, você está me dizendo que tem um deus que é um e ao mesmo tempo é três? Até aí é pra mim muito estranho, mas entendo meio que torto e enfumaçado, o que não consigo entender é como e porque vocês mataram um desses três”... “E esse mesmo Deus, foi morto por vocês...”. Perfeição é uma poesia crítica urbana fina, Renato tem várias outras mais brutais (o desconcertante Faroeste Caboclo, por exemplo) ou com apuro mais aberto (Há tempos); é um escrito e dito, e cantado, tão estonteante que se os cretinos que ultrapassam a exceção e engordam e brincam de política enquanto massacram a ética, pudessem realmente receber em ondas musicais a realidade que dá base à poesia da letra em suas almas, pediriam clemência aos diabos e a Deus e recomeçariam tudo do zero. .. “...Só a verdade é que liberta... Nosso futuro recomeça, venha que o que vem é perfeição...”. E essa música certamente não teria efeito apenas na parcela ruim dos políticos, na qual é mais fácil de atirar pedras genéricas, ela também chacoalharia o coração de qualquer um que ao menos miseravelmente reflita sobre essa arte musical em tempos tão pobres de rock, de grupos tão abertamente vendidinhos por pouco a troco de pouco, tão levados por um pop que não honra nem mesmo a caricatura tosca dos melhores anos em que se fez música pop rock. Reflita com Renato nestes tempos próximos ao seu aniversário, dia 27 de março ele faria 49 anos. Morreu jovem como James Jean, mas pobre James e tantos outros artistas só cobertos de fama e quase nada de glória... Renato não foi famoso, foi e é glorioso, tem a Glória dos Generais primordiais em história, que fizeram diferença pelo fato de, sobretudo, serem árduos, férreos, sobre suas próprias vontades e naturezas... Cada um que chegue às conclusões ricas que podem vir de uma conversa séria e paradoxalmente livre entre ouvido e sons, olhos e letras, ouvidos e letras e sons vindos da magia manfrediniana... Em 1998 morreu Juan Brossa, felizmente, antes disso esse poeta catalão escreveu entre suas poesias “...Amor, neste poema não existe o tempo: todo o curso do Universo nele se dá de uma vez”. Micro composição que me esclareceu o poder presente nas palavras, capazes de acomodarem um universo dentro de poucas de si. Mas Renato não é menor que Brossa e talvez convivam um celestial átrio comum; a que todos deveriam invejar e não aos dos bobos que acham que uma pobre Hiluxx ou rica Ferrari (isoladas de contexto) são a chave do universo.
DELE:
Tinha o Fê, que estudava na Cultura Inglesa e tinha voltado da Inglaterra. Ele era meio hippie — tinha barba, cabelo comprido, mas usava calças rasgadas. Uma coisa híbrida — hippie com punk. E Sex Pistols daqui, Sex Pistols dali... Até que pintou o dia em que eu estava na Taberna e veio descendo um punk com a namorada dele, um Sid Vicious loiro: era o André Pretorius. Eu cheguei para ele e a primeira coisa que eu falei foi: "Você gosta dos Sex Pistols?". E ele: "Sex Pistols! Yeah! Jóia!". E começamos a trocar informações. Eu tinha acabado de receber o segundo LP do Clash [Give'en enough rope] e ele, o primeiro compacto do PIL. Isso já devia ser 78. Então, bem: "Vamos formar uma banda?". Aí formamos o Aborto Elétrico — ele tocava guitarra e eu, baixo. Eu fiquei enchendo meu pai para ele me comprar um instrumento. Foi meio difícil, mas eu estava trabalhando e juntei uma grana, ele me ajudou, e comprei um baixo. (1989).
AMIZADE ENTRE AS PESSOAS QUE OUVIAM ROCK — gozado, porque são as grandes amizades que eu tenho até hoje —, o elo foi a música. Tenho um grande amigo em Brasília. Outro dia, estávamos conversando e eu perguntei: "Como a gente ficou amigo?". E ele me contou que tinha voltado de Paris com uns discos e eu disse: "Oh, discos novos na cidade!". Importados e tal. Aí, eu fui lá catar alguns e ficamos amigos. (1989)
AMIZADE É QUANDO você encontra uma pessoa que olha na mesma direção que você, compartilha a vida contigo e te respeita como você é. Uma pessoa com a qual você não precisa ter segredos e que goste até dos teus defeitos. Basicamente, é aquela pessoa com quem você quer compartilhar os bons momentos e os maus, também. (1995)
Aí em cima, em itálico e negrito, é só um cafezinho do conteúdo do Livro Renato de A a Z, excelente peça para leitor ou não leitor que o leia. O livro é da Editora Letra Livre e foi publicado em 2000.
AMIZADE ENTRE AS PESSOAS QUE OUVIAM ROCK — gozado, porque são as grandes amizades que eu tenho até hoje —, o elo foi a música. Tenho um grande amigo em Brasília. Outro dia, estávamos conversando e eu perguntei: "Como a gente ficou amigo?". E ele me contou que tinha voltado de Paris com uns discos e eu disse: "Oh, discos novos na cidade!". Importados e tal. Aí, eu fui lá catar alguns e ficamos amigos. (1989)
AMIZADE É QUANDO você encontra uma pessoa que olha na mesma direção que você, compartilha a vida contigo e te respeita como você é. Uma pessoa com a qual você não precisa ter segredos e que goste até dos teus defeitos. Basicamente, é aquela pessoa com quem você quer compartilhar os bons momentos e os maus, também. (1995)
Aí em cima, em itálico e negrito, é só um cafezinho do conteúdo do Livro Renato de A a Z, excelente peça para leitor ou não leitor que o leia. O livro é da Editora Letra Livre e foi publicado em 2000.
MÚSICA PERFEIÇÃO:
Vamos celebrar/A estupidez humana/A estupidez de todas as nações/O meu país e sua corja de assassinos/Covardes, estupradores e ladrões.../Vamos celebrar a estupidez do povo/Nossa polícia e televisão/Vamos celebrar nosso governo/E nosso estado que não é nação.../Celebrar a juventude sem escolas/As crianças mortas/Celebrar nossa desunião...Vamos celebrar Eros e Thanatos/Persephone e Hades/Vamos celebrar nossa tristeza/Vamos celebrar nossa vaidade...Vamos comemorar como idiotas/A cada fevereiro e feriado/Todos os mortos nas estradas/Os mortos por falta de hospitais.../Vamos celebrar nossa justiça/A ganância e a difamação/Vamos celebrar os preconceitos/O voto dos analfabetos/Comemorar a água podre/E todos os impostos/Queimadas, mentiras/E seqüestros.../Nosso castelo de cartas marcadas/O trabalho escravo/Nosso pequeno universoT/oda a hipocrisia e toda a afetação/Todo roubo e toda indiferença/Vamos celebrar epidemias/É a festa da torcida campeã.../Vamos celebrar a fome/Não ter a quem ouvir/Não se ter a quem amar/Vamos alimentar o que é maldade/Vamos machucar o coração.../Vamos celebrar nossa bandeira/Nosso passado de absurdos gloriosos/Tudo que é gratuito e feio/Tudo o que é normal/Vamos cantar juntos/O hino nacional/A lágrima é verdadeira/Vamos celebrar nossa saudade/Comemorar a nossa solidão.../Vamos festejar a inveja/A intolerância/A incompreensão/Vamos festejar a violência/E esquecer a nossa gente/Que trabalhou honestamente a vida inteira/E agora não tem mais direito a nada.../Vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso/Nosso descaso por educação/Vamos celebrar o horror de tudo isto/Com festa, velório e caixão/Tá tudo morto e enterrado agora/Já que também podemos celebrar/A estupidez de quem cantou essa canção...Venha! Meu coração está com pressa/Quando a esperança está dispersa/Só a verdade me liberta/Chega de maldade e ilusão/Venha!O amor tem sempre a porta aberta/E vem chegando a primavera/Nosso futuro recomeça/Venha!Que o que vem é Perfeição!...
E neste endereço: http://letras.terra.com.br/renato-russo/ constam 239 músicas do RenatoRusso/Legião Urbana para que escolham alguma(s) para reflexão sobre todos os ditos do Legião e dele.
Conceitos, conceituar algo é inteligente, por isso a metodologia científica exige invariavelmente as conceituações gerais e específicas. Conceituar algo, saber o máximo até as fronteiras dos núcleos realmente proibidos (necessariamente proibidos) desse algo...
Inteligência: ver como é, com a verdade, e se adequar e agir coerentemente... Conceitos e Inteligência, tão irmãos...
CLIQUE DUAS VEZES OU MAIS, SE FOR PRECISO, NO PLAYZINHO, PARA VER O CLIP. SE ELE NÃO ESTÁ APARECENDO, INSTALE UMA SUÍTE DE CODECS, HÁ VÁRIOS NO BAIXAKI.
ATENÇÃO, QUEM GOSTA MESMO DE LEGIÃO URBANA. VEM AÍ UM TRABALHO DO ALESSANDRO (RUSSO), BOM, FORTE, VALERÁ A PENA SE ENVOLVER. ANUNCIAREI AQUI.