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NO PRÓXIMO TERERE SEMPRE UMA PROSA

sábado, 17 de julho de 2010

VIDA! ESTAMOS VIVOS? OU SOB ALGUM AUDITÓRIO INFERNAL?








"O nome do arco é vida; sua obra, a morte. Quem se esquivará do fogo que não se apaga?" (em 'A parte do fogo' de Maurice Blanchot, ROCCO, 1997).
Teria a morte supremacia sobre a vida, em que faz dessa última um jogo divino/infernal?
Uma professora que respeito muito (sentido pleno), diz que não há hierarquia entre as artes. Discordo, acho a literatura o pódio e origem artística devido ao fato de que o homem é linguagem, entre outros, e é simplista dizer 'a paisagem é linguagem, a música é linguagem', se são dependentes da gramática (entenda-se, organização genérica formal e “revisada” da fala e escrita) para humanizarem-se; e a humanidade é ainda isolada na complexidade perceptiva.
A Superinteressante em seu número de julho/2010 ditou aspectos sob o tema Sucesso/Fracasso onde deu que Mozart fez o que realmente presta (em termos) aos 21 anos de idade. O que mais gostei na reportagem é a evidência de que é patetice aclamar exageradamente talentos infanto-juvenis, observando-se que o grande Erasmo (Autor de o elogio da Loucura, que influenciou inclusive Lutero), mesmo, enojava-se de furtos sobre direitos à infância (ser apenas criança) em nome de glórias rasas; e olhe que aquele tempo dele distava-se muito dos hediondos tele shows. O que certamente não impedia as patéticas incursões às cortes em busca de um efêmero sucesso e algumas moedas, com sacrifício incalculável sobre a vida infantil.
Creio na literatura como suprema arte, porque exige maturidade que impede que um pai apresente um escritor inato de 8 ou 12 anos, para espetáculos macacais. Se apresentar, obviamente será claramente inferior a outros talentos verdes da música, pintura e etc. E não se ofendam precipitadamente em nome de pintores e músicos, pois os bons optaram por pincéis e instrumentos musicais, mas escreveriam bem, se a opção fosse a caneta, ou o teclado letral (e tantos fizeram e fazem boas obras distintas e simultâneas), pois como observa o francês Sartre, inicialmente a inclinação artística é válida para qualquer direção optada, depois vêm habilidades sujeitas ao suor do qual falava Beethoven sobre o talento. A literatura tem o elemento reflexivo sob maior exigência, e requer muito mais solidão que qualquer outro objeto de prazer. Visto que os saraus literários são mais chatos que qualquer celebração tipo 'show' ou vernissage, se são mal feitos (e geralmente sobram nisso).
Sabemos que o olhar a uma massa torta, borrado numa tela, ouvir um "pule que nem macaco" (letras rasas de música), pode passar ileso na multidão e ser, dentro do direito natural, nada mais que um superficial prazer. Mas ler requer algo mais, ainda mais que esse ler é que poderá vir a ser algo realmente mais que um borrado vazio, um patético quadro das 5 ou "ieieieieiaiaiaiaaaa, poeiraaa"!
Que é vida? O durante, a sorte de viver mais um segundo, mais um minuto, e descobrir todos os dias que estávamos errados, mas que o erro é a trilha da glória verdadeira; e que a liberdade, quando existe, nos concede mais e mais erros, e estamos vivos... vivos, não é mesmo.

domingo, 11 de julho de 2010

QUEM É DEUS?







REFERÊNCIAS (IMAGENS):
rafaelvictor.wordpress.com
sagaz.wordpress.com
coisas-interessantes.blogspot.com
usefilm.com
linguadetrapo.blogspot.com
cronopios.com.br

Tenho feito uma oração única, na parte da noite, com quase invariavelmente os mesmos pedidos. Minha crença em Deus não é como eu gostaria que fosse; e muito menos minha integração com os teístas que vejo estarem bem nesta questão. Para mim é tudo muito confuso, muito tremulante; mas tenho me sentido bem com a situação. Não tenho doutrina alguma, olho para o espaço, converso com o misterioso ser que chamo de Deus, agradeço, peço, tudo muito simples. Mas minha alma é aflita e conflituosa quando essa inquietude, que me transformou em observador um pouco mais íntimo da vida e do homem, através da arte, preside meu raciocínio. E são longos e bastante confusos os caminhos interrogativos e hipotéticos. Quem é Deus? Pergunta simples e complexa que baila sobre e sob tantas vozes que acabaram por ter importância nos meus ouvidos e olhos... Livre-me o destino de me tornar um velho hipócrita e temeroso nas últimas frações de anos de minha vida; mas alivia-me, Destino, o fardo do natural medo da morte e inconsistência na solução do crer ou não crer, a questão. O mais importante da vida é viver; frase também só aparentemente simples, mas salvadora, que colocou o pensador Montaigne para todos. Quando eu era adolescente, em 1979, apaixonado por uma garota de tristes olhos verdes e voz enrouquecida e trêmula, embrenhei-me em um jaboticabal alheio, e com saco plástico pendurado à cinta, pus-me a um furto em que alternava o direcionamento dos frutos negros e brilhosos sob chuva fronteiriça à entrada do inverno... estalava na boca alguns e outros iam sendo armazenados... Era para ser uma coisa simples de moleque apaixonado... Mas, algo me levou a parar, e perceber que era como se eu estivesse num recorte único no tempo e no espaço, mas tudo é recorte único no tempo e no espaço... Não, não é não, há no infinito mosaico alguns pedaços especiais... Quando não há medo, não há preocupação com passado, com o futuro, com nada, só o viver, e uma comunhão sem igual... Eu estava ali, furtando jaboticabas, debaixo da chuva que visivelmente traria muito frio... Pois fui depois, já tremulante com os efeitos tempestade que tomara nos lombos, e entreguei as jaboticabas para a mãe da menina... Dona Dione, dona de olhos também tristes que transmitira à filha... O mundo, como diz Pascal, poderia ter me esmagado com facilidade, através de algum cão, de um dono cruel dos frutos no ato do furto, com uma queda da árvore lisa da chuva, , com um raio no dia, com um atropelamento, pois eu passeei distraído após o sucesso da empreita. Tanta coisa poderia ter me matado, mas não... E eu sei que aquela dona Dione entendia a pureza em meu furto, e o quanto eu amava sua menina... Aquela dona que tinha tantos sonhos vencidos, sabia de coisas que jamais saberei; talvez com tudo que vi e li, morra sem saber o que ela sabe; quem é Deus...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

OS PESADELOS DEVEM SER APENAS PESADELOS









REFERÊNCIAS (IMAGENS):
yogaibirapuera.com.br
www2.mre.gov.br
brunobrasil.wordpress.com
planetin.blogspot.com
reticenciaspoeticas.blogspot.com

Um pesadelo, se explicado psicologicamente, torna-se coisa simples, e talvez logo é saudavelmente 'esquecido'. Mas, se a abordagem ao mau sonho é mística, e ele, pior ainda, é visto como um presságio (podendo inclusive ser positivo, coisa mais rara) torna-se um incômodo nas reflexões e ações.

Os momentos em que duvidei da existência de Deus, quero que não voltem... É sempre difícil falar nisso, mas é preciso, às vezes... Pois é determinante em tudo. Meu Deus é "silencioso como as estrelas"... Invariavelmente em minha essência agnóstica teísta, oro pedindo em primeiro lugar perdão e proteção, àqueles que amo, incluindo a mim, peço que visite-me as coisas boas da alma e dê-me condições de prosseguir nesse teste que confesso é maravilhoso e insano, a vida... Como definir essa sensação positiva? Conforto? Segurança? Esperança? É um ser, uma substância difícil de definir, a fé, a crença. Para ser honesto, mesmo um pouco temeroso, sou obrigado a admitir que não tenho a fé que gostaria de ter. E, às vezes, penso que jamais a terei, aliás, é uma espécie de "certeza trêmula".

A sutileza difere os homens, e nos artistas essa condição, como tantas outras, ganha proporções muito maiores... O artista é exigido em várias instâncias e por várias instituições, inclusive sua própria; de várias maneiras é chamado a responder, ou mesmo a perguntar, e ele não tem a obrigação de se expor em raios de loucura. Seguramente a severidade e brutalidade contra o artista na maioria das vezes vem porque seu veio crítico atinge interesses materiais, acima de tudo, pois ideologia pura, se não é amor é demência e se não é nenhum desses dois que guarda a minoria, é interesse material disfarçado de ovelha. Protegeis a vós próprios, artistas, entre todos os tempos, e neste presente também, porque nada é seguro o suficiente...