SOBRE AS REFERÊNCIAS
Peço desculpas porque foram capturadas em época de despreocupações metodológicas. Proponho a reclamantes que enviem e-mail e prontamente lanço a referência conforme permissão de continuidade ou excluo imagem reclamada. Obrigado
Tive essa consciência pouco antes de iniciar uma blogada na qual falaria sobre a palavra estilo, em algumas de suas propriedades. E antes disso, comentaria o sempre oportuno e contundente dizer de Valdir DM, em “A inocência do pensamento cristão”, o que farei ainda hoje ou no máximo amanhã. Mas, respeitando a mim próprio e a condição indesviável de uma espécie, tênue em mim, francamente, de vaidade por comemoração de aniversário, falarei sobre isso, aniversários. Isso de aniversário parece sempre próximo do melhor de nossas naturezas, a ingenuidade infantil... Quando somos infantis achamos que somos imortais, que somos os melhores, que todos os mimos do mundo nos são devidos, que somos os donos do poder... E como é horrível quando isso se quebra, quando descobrimos a diferença das instâncias, e que a condição bipolar afeta muita gente. Muitas pessoas passam do carinho para a ofensa em poucos minutos, mesmo em aniversários. A pobreza material presente em minha vida às vezes é desconcertante; felizmente só às vezes; infelizmente, nas vezes que o é, é arrasador. E hoje em dia tenho a tese (baseada em teses alheias) de que tudo é irremediavelmente condicional, em declínio... Acho que o DNA é mais poderoso no psicológico do que eu pensava. Meu filho, maior amor de minha vida, e pessoa mais próxima, ajuda nesta questão... Não tem sido tão raras as vezes que vejo nitidamente em seus traços psicológicos, aspectos que se repetem de sua belíssima mãe. Mas não é somente nele que observo isso... Também em mim encontro muito mais de meu pai e de minha mãe e avós, e vai, de impulsos, de pensamentos e atos, que poderia atribuir a circunstâncias sócio-formadoras. Mas algumas coisas nem mesmo sei explicar. Por exemplo, essa maldição de enxergar as coisas que comumente não se enxerga, de notar, de perceber, aquilo que os outros descartam. De ser indiferente àquilo que a maioria se apega.
Este ano, meu aniversário marca o primeiro em que me sinto morto. Sinto que a morte já chegou para mim, já estou morto, mesmo, como aquele lá de Machado, (“Memórias...”) embora tenha minha carne íntegra. Digo da condição, do papel que temos; a que viemos. Por favor, não se encaminhem a tolices de “nãããoo, você está vivo, Deus isso e aquilo, você pode fazer tanto ainda”. Sim, estou vivo, é óbvio, e Deus isso e aquilo. Mas, há um momento em nossas vidas em que conseguimos nos livrar do acovardamento perante as obviedades da natureza e sentimo-nos exatamente quem somos. E isso me faz bem, e pronto. Escrevi vários livros (devo editá-los a partir deste ano ou o próximo, finalmente, ou talvez nunca). Plantei infinidade de árvores, de flores, e tive um filho... MEU DEUS, TIVE UM FILHO, essa maravilha, que nos condena à fragilidade para sempre, mas nos dá o PRIMORDIAL presente vital, sem igual, nada igual... Meu filho é meu tudo, minha vida, meu coração fora de mim, é minha alegria sob o vento, o sol, o perfume das flores... Nada, nada, simplesmente nada, supera esse amor ou o equivale... E, assim, do que resta de minha vida, em primeiro lugar servirei para alavancar dele a ida à maturidade, o encontro com as coisas das quais gosta da vida, a defesa contra as armadilhas na sociedade, e sutilmente desaparecerei de sua vida, porque a vida é dele, e autônomo deve ser... Minha presença lentamente se tornará ausência... Não total... Como digo a ele “Mesmo quando eu estiver morto, que minha carne tiver sido tragada pelos vermes terrenos em seus papéis cobrando-a, e a terra aos poucos cobrar meu retorno, no que esteve sempre escrito, estarei totalmente ausente de sua convocação... Olhe o vento nas árvores, filho, nele, juro, estarei; olhe as coisas que escrevi, são a mim, ouça as palavras de amigos que sobreviverem a mim, sou eu nessas palavras, e dentro de sua mente, na alma que vive em seu pensar, serei visita grata sempre que me chamar, porque tudo que de verdadeiro e puro em mim existiu, foi pelo amor mais belo e puro que tive, por você, meu filho”... Mais ou menos isso... Então, nesse meu aniversário, sim, lembro de bolos antigos, velas acessas, mesa pobre, tubaína Funada, Fanta, Coca-cola (será que vai dar para todos?), de presentes (de pais pobres, é verdade, mas riquíssimos na tarefa que cumprem), de namoradas doces que tive, de um dia de mimos, de gente cantando parabéns, como no primeiro ingênuo ano de Faculdade de Letras e outros... Mas, nesse aniversário de hoje, o que penso é que estou maravilhosamente morto, maravilhosamente reflexivo, e que me sobram, por Desígnios Divinos alguns anos com certo vigor, que poderei empregar reparando alguns de meus milhares de erros, revendo, vendo, reaprendendo, aprendendo... Quem sabe ainda sexo sem viagra, cervejas, vez ou outra, muito blues, rock, leitura, escrita, conhecer gente nova... Servir a amigos e por eles ser servido... Viver, sim viver, porque o objetivo da vida em mim já está cumprido; mas os juros são agradáveis... Sim, e que Deus proteja, em primeiro lugar meu filho, então a todos os outros que me são caríssimos, com mãe e irmãos, amigos bastante próximos a mim próprio, e a essas “bolhas de sabão coloridas” que chamamos de “momentos”...