NEXTTERES

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NO PRÓXIMO TERERE SEMPRE UMA PROSA

sexta-feira, 25 de março de 2011

A REBELIÃO DAS PALAVRAS É CONSTANTE








REFERÊNCIAS DAS IMAGENS:


olhares.aeiou.pt
im-postura.blogspot.com
amc-nuncamais.blogspot.com
miscampinas.com.br
storm-magazine.com
outrarevista.blogspot.com

Onde é o universo da verdade? No reino íntimo das pessoas? Como dar o nome de mundo a esse universo, se apenas a objetividade o significa? Novamente o amor triunfa? Ou o ódio, mais que o amor às vezes, pois se o amor escancara nossa capacidade de interpretarmos a nós mesmos, o ódio explode o íntimo e vaza. Nunca somos um somente, bloguei antes. Mas e se tivermos que ser? Ao mundo somos o conjunto de atos práticos, encadeados de tal forma que se começa a ter certa previsibilidade de nossos próximos atos. Pessoas dadas ao silêncio, são as mais enganosas, ou os tagarelas? E o ponto médio põe: 'aquele que tempera o silêncio com retóricas oportuna sobrepuja os dois primeiros?' Constantemente as palavras se rebelam, cada palavra nega-se a dar tudo o que dela pedimos. Essa benção possibilita a soberania da bobice massacrante de titânicas vazantes musicais pop e prova que as negações constantes nas palavras e não suas afirmações é que fazem sua magia e evitam que haja suicídios em massa. Pois mesmo com uma massacrante invasão de pop bobo, bem ao gosto da maioria nas sociedades, encontra um ser poético, coisa que sou obrigado a admitir com desgosto. Creio que se as palavras não tivessem essa rebelião, essa negação, o suicídio não somente seria uma constante no mundo, mas plenamente aceito, pois, como viver se passar a entender sempre exatamente o que dizem as palavras? Seriam ainda mais soberanos os materialistas, os objetivos, os "práticos", como gostam de se autodenominar alguns que com pequeno esnobismo vencem os formulários creditais e trocam a geladeira ou automóvel. Embora prosperidade seja quase sacramente a vitória das pessoas 'objetivas' e bem materializadas, diz o Houaiss sobre o próspero: "que desenvolve, que progride". E isso transforma em vacas confinadas um bando de prósperos que acha que basta ração da boa, cercados, tapinha dos criadores, remédio para carrapatos de boa origem e receita, e tudo está bem... Na capa dura de Nadja, aparece apenas um AB.... primeiras letras do gênio que criou o manifesto surrealista... André Breton, que com sua secura de vinho raro dispara logo ao início de um dos mais poderosos "testamentos" poéticos: "Subjetividade e objetividade travam, ao longo de uma vida humana, uma série de combates, nos quais a primeira costuma sair-se inteiramente mal." (BRETON, André. Nadja. Tradução Ivo Barroso, apresentação Eliane Robert Moraes e Posfácio Annie Le Brun. São Paulo: Cosac Naify, 2007p. 20). Mas por que isso? A rebelião das palavras é constante... O que são palavras? Quando são verdadeiramente nós? E Sartre, agudo crítico antipático ao poderoso Breton, ao falar sobre o que é escrever, diz: "Os poetas são homens que se recusam a utilizar a linguagem..." (SARTRE, Jean-Paul. Que é a literatura? Tradução Carlos Felipe Moisés. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1993, p. 13). Digo, a rebelião das palavras é constante, porque mesmo um homem que jamais reflita efetivamente sobre a palavra "poesia", desde manhã, quando acorda e começa a perceber as coisas abstratas ou físicas, precisa da imprecisão, da negação das palavras, pois o contraste, assim como sob os olhos, é que define as coisas imersas nessa grande complexidade mundana... Mesmo que seja para pensar na caneca de café... ou no piso frio que enfrentará se não deixou as sandálias de prontidão... poesia, negação, contrastes... Diz ainda o belo zarolho: "A poesia não se serve de palavras, eu diria antes que ela as serve..." (mesma referência última). Serve, servidão, servas palavras, serva poesia? Não! Rebelião das palavras, mesmo quando nos serve... Por isso calhou tão bem a propaganda da Futura, afirmando Sócrates: "O mundo é feito mais de perguntas que de respostas..." A rebelião das palavras é constante... A intimidade é o atestado do amor? Não creio... sim, parte dele, quando solene e férrea, passados os anos... O que atesta o amor? A rebelião das palavras é constante... De repente tudo muda, estranha-se o que alguém diz, ou compreende-se rasamente... "Sede como as crianças" disse o Filho do Homem, com a mesma firmeza que disse também: "Seja tua palavra sim e não.". Como interpretar a voz de Deus? A rebelião das palavras é constante. Eu leio o que você escreve, eu leio o que vocês escrevem, quando encontro pouca rebelião... encontro pouco de vocês... Eu os escuto, eu os vejo, quando vejo pouca rebelião nas palavras, eu vejo muito pouco de vocês... A prosperidade de vocês, se insistirem que é um bom cargo público, cuja finalidade principal é ser bicho de contas, ou de Exupery ou de Kafka, ou um lugar onde as palavras não podem se rebelar, eu direi, "Você não existe se acredita que a vida é isso... A rebelião de palavras não existe"... Rebelião... palavras... constância... Nada desse trio pode ser o que parece... A rebelião das palavras é constante... Essa inconstância é que nos salva... que faz com que o farol resista a ondas tão violentas, cujo pensamento é apenas materializar a grandeza que imagina ter, mas que se dissipa em nada, afinal o egoísmo secular e eterno não pode ser vencido por nenhuma ordem mentirosa ou meramente acumuladora de bens cortezes. Quem poderá resistir à violência da mesmice das ondas? Um farol... branco e laranja... Que é o branco? Que é o laranja? Por mais que se esforcem as cores... Fora do acaso natural, são signos escravizados esperando a libertação pela rebelião constante dos poetas, feitos de palavras e sonhos docemente tolos... A rebelião das palavras é constante... A rebelião dos lêmingues é um mito? A rebelião das palavras é constante...

terça-feira, 22 de março de 2011

A AMIZADE É DIFÍCIL









blogdarivane.blogspot.com
nteitaperuna.blogspot.com
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presentepravoce.wordpress.com
setexsete.blogspot.com
sessoesdecinema.blogspot.com
educaçãoadventista.org.br
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Por que poderia ser diferente? Sou mal forjado socialmente, pessoalmente me sinto muito aquém do que gostaria... Mas é tarde para mudar muita coisa... Só não é tarde para retomar bons aspectos personais que foram massacrados por forças do acaso e do mal das naturezas humanas sobre as crianças e adolescentes, mesmo que os resultados sejam tímidos. Tenho alguns amigos, entre eles tenho um chamado "Bira", do qual já falei por aqui. Ele é complexo. Roqueiro; vocalista/guitarrista, dirigiu uma banda indie durante mais de uma década, com escrita própria de músicas, criação própria de sons de rock. É assistente social e profissionalmente já lidou com uma sem conta de situações envolvendo indivíduos com grandes dificuldades mentais e sentimentais vindas dos efeitos das drogas. É um filho afetivo, dedicado. Certa vez, com ele no supermercado o vi escolher uma torta com solene olhar e dizer "é para a mamãe", de um jeito que só o momento explicaria adequadamente. Ato sequente, pegou outro regalo e também sussurrou para si próprio "para a Aninha" (sua amada esposa). Esse sujeito me resgatou de um caminho para a descrença sobre a amizade "Jorjão... você está enganado...). Me reeducou, me abriu os olhos para o encanto possível sobre a amizade. Não mudei minha opinião sobre os preços, altos preços presentes na manutenção de uma amizade. Amigos tem um custo, um alto custo psicológico e põe em baixa suspensão em nossas esferas vitais muitos perigos sobre as palavras desgosto e decepção, presentes sempre como uma possibilidade em ambos os lados. O Bira, como a Elaine, minha ex-namorada e anjo, estão fora de categorias comuns da amizade, então os excluo desses "perigos". São estrondosas exceções, então quando falo em 'perigo', os excluo. Aos poucos, graças à condução pedagógica do Bira, começo a entender sentidos presentes nessa arte de ser amigo, nessa tão difícil arte que não sei se terei acesso espontâneo, inteiro e intimamente honesto até o final de minha vida. Tentarei; pressinto que há nessa extremamente difícil arte, construir e manter amizades, algo altamente graduado e compensador na transcendência humana. Meu histórico infantil, infelizmente, produziu em mim escudos maleficamente ferozes contra a confiança e isso me transformou em um ser que vive mais a fantasia que a realidade, em indivíduo mais de imaginação que de "carne". Menos social e mais personagem literário ou de filme, para mim próprio e até para pessoas que participaram de minha vida. Não reclamo totalmente disso, tem sido um bom modo, às vezes, de viver, mas aos poucos constituo-me naquele que deveria ser no mundo, ou ao menos em 'parte' dele... Ainda há tempo, creio... Mas, jamais deixarei de pensar que embora tenha existido (como 'bloomista', acredito que ele existiu) Shakespeare, e que seja o homem mais genial que existiu, sobre a eterna vasculhação sobre o ser humano, prefiro pensar que são mais humanos que o próprio Shakespeare, Hamlet, Iago, Otelo, Julieta, Desdêmona... Como creio que o Jesus Humano é às vezes muito mais atraente que o 'cósmico'. Minhas lágrimas em filmes são para mim uma dádiva, e nunca me sinto tão eu quando abraço meu filho, recebo o carinho da Rocío ou vejo uma cena como em "O Clube do Imperador", quando Hundert, de cabelos grisalhos, tendo retornado à antiga universidade de onde saíra após perder uma batalha burocrática e 'capitalista' interna, ao inaugurar as aulas do ano, é interrompido por um aluno que chega atrasado e meio desajeitado, para a primeira aula. Ele, com um incrível trabalho de expressão, fixa com olhos percrustadores o garoto e movimenta-se até verificar quem o trouxe... Olha, com olhar da amizade, à grande janela aos fundos da sala, um antigo aluno a quem prejudicou, em uma manobra que afastou aquele, quando jovem, de uma disputa de habilidade intelectual, para fins que valem ser investigados assistindo-se o filme. Ele houvera confessado ao rapaz a ignóbil manobra, num reencontro saudoso entre todos eles... E ali estava o evidente perdão, num grande momento de catarse, ponto culminante da película. A amizade é difícil, às vezes até impossível, em casos, mas certamente é a busca que consagra o homem, ou não seriam tão fantásticos os resultados da amizade com nossos filhos, com nossas mulheres, com nossas mães, pais, conoscos mesmos e com nosso amigos... A amizade é difícil com nossos amigos, esses familiares que tem um nosso sangue não o vermelho e suas globinas, mas o luminoso, o sangue da alma... Obrigado Bira, sem tua amizade eu não entenderia muitas coisas das quais tinha até mesmo desistido. A amizade é difícil... tem altos preços, pois nada tem mais valor que nosso tempo... A amizade é complexa e sua diversificação é tão ampla que livro algum pode explicá-la, como não pode explicar o amor, reino onde a primeira mora. A amizade é difícil, o próprio Deus enfrentou dificuldades com amizade... Mas se o mundo tem uma chance, pagar o preço das amizades é o caminho indesviável. Sei que sou meio carolão às vezes, mas a carolice, tão facilmente cuspida pelos meus arrogantes e esnobes heróis é necessária ao mundo, se tem verdade... As palavras são diabólicas e angelicais, são nossas e carregam nossa condição, sejam mentirosas ou verdadeiras... A amizade é difícil... os preços são altos... Mas... é nossa chance de sermos nós mesmos na melhor das essências possíveis pela nossa passagem "nesse" "mundo".

quinta-feira, 3 de março de 2011

A ETERNIDADE DURA 5 MINUTOS











REFERÊNCIAS DAS IMAGENS:
canelada.com.br
rdnews.com.br
assuntosetc.blogspot.com
emfragmento.zip.net
boanoticia.com
cali-mera.blogspot.com
tairineceuta.blog.uol.com.br
honoriodemedeiros.blogspot.com
madeiraonline.eu
moniquebernardes.blogspot.com
de-mim.blogspot.com
raizescomletras.blogspot.com
evaldocosta.blogspot.com

Não tem como durar mais que isso. Claro que essa é um proposta indefensável. Claro que só aqui, num blog ou lugar livre como tal é possível anularmos o poder da lógica, fazendo a nossa própria. Qual a lógica de a eternidade durar 5 minutos? Aliás, a literatura rende homenagens geniais e medíocres a esse pedacinho de cronologia feito "à marketing". Como diria George Carlin em seu poderoso manifesto humorístico sobre os "Dez Mandamentos": "Como? 11 mandamentos?; 'como? 9 mandamentos? ahhh, vá te danar!". Mas dez, sim, funciona, diz ele; as casas decimais, etc, etc... 5 minutos... A humanidade é cheia de desequilíbrios na sorte de vilões e heróis. Nós, os caras perfeitos para mostrar para aquela menina o que é o amor, somos nós os caras para isso... Mas vem um malvado e ele é que dará o beijo, aliás, que nunca vemos, para nós ele maltrata aquela menina de nossos sonhos e, como em "O último americano virgem", é dele, do safado, do bandido, que ela gosta. Mas o tempo passa, e dentro de no máximo uns dois minutos, fica guardado para sempre aquele beijo que jamais aconteceu, que o fazemos viver com tamanha intensidade que em certo momento já não sabemos se é mesmo fantasia... Esse certo momento, claro, dentro da eternidade de 5 minutos... Aquela surra que damos no malvadão que nos atormentava na escola também dura poucos minutos... 30 segundos... 35... 37 (para não ficarmos só em números marketeiros)... 37,5 (para não dizerem que não fomos socialmente corretos), 40, 50... (é, o marketing é poderoso, voltam os redondos), 1,20' e poft... socamos de novo o pilantra. Ou pior ainda, martelos, serras elétricas, para os mais aborrecidos e de mais sangue frio, ou quente, para a vingança... Mas, vamos ficar apenas com John Wayne, "poft!", e tá lá, nocauteado como o Spinks, o vilão de nossa história... Levou 5 minutos? Não... O repetiremos milhares de vezes sem jamais chegar em cinco minutos... Quando eu fiz parcial de Letras na UFMS, construi uma caixinha particular de 5 minutos, tornei-me um colecionador de eternidades... smacKkks... poftsss... Eu duro muito menos que 5 minutos, desde que nasci, em 1963... Foram várias eternidades... Vários eternos 5 minutos... uns atrás dos outros... Estranho pensar que o beijo é doce, estranho constatar que é doce, é gostoso... molhadinho... devagar... Mas, voltando ao tempo... Einstein, dentro de um trem, "descobriu" que o tempo é relativo, na fila do banco ele estica, mas lembramos de filas de banco somente quando vamos enfrentá-las, xingamos, odiamos, mas jamais pertencem aos nossos 5 minutos... A eternidade é divina e infernal, somente fatos pertencentes a Deus ou Satã fixam-se na eternidade... Nada de mixarias devidas ao limbo, ao purgatório... Coisas divinas mesmo, poderosamente divinas ou infernais, como a raiva do gordão que nos batia e dizia humores horríveis destroçando nossos egos, cabem... E o bom da eternidade, e que ela dure 5 minutos (lembrando que isso é força linguística pois na realidade o título é mentiroso, dura menos que 5 minutos a eternidade... 5 minutos foi só para estabelecer uma lei, não somos bicho organizado automaticamente, como abelhas e formigas, ao contrário, precisamos de leis saídas de nós mesmos) é que temos espada contra o "devorador Cronos" (expressão de Luciano Alonso, O Pintor). Bloom lembra que os poderosos Shakespeare, Milton e outros escolhidos pelo bardólatra, cuja escolha causa tantos bicos tortos e tentativas de fazer bolo de maizena virar pavê (perdão, foi o máximo que pude chegar com minha barriga e sua história pobre), então, eu dizia, os caras souberam dominar a ansiedade. O que é a ansiedade? Tantas coisas: gordura a mais, o discurso mal feito, as ofensas gratuitas, isso só para falar de uns trocadinhos, são tantas merdas provocadas pela ansiedade, além do terror de ser uma das portas mais escancaradas para toparmos com a satânica depressão. Precisamos de calma... precisamos de eternidades, de pequenas eternidades... Daquele dia em que nos elogiaram com sinceridade, de entender que a feiura pode ser driblada, que a amizade não é construída por material de passarelas ou de contas bancárias, que podemos nos desviar do estado devorador do capitalismo em bolhas mágicas e abertas de 5 minutos, que os sorrisos não são propaganda de dentifrício, que os filmes ficaram baratos, que caminhar é possível, e que se caminharmos menos de cinco minutos conosco mesmos, com domínio das pequenas eternidades, a ansiedade sofre fissuras e pode estilhaçar-se, ao menos o suficiente para avançarmos terreno... As pessoas nos olham estranhamente, sempre olharam, sempre olharão em nós o que é diferente, o que é menor, designs fracos, cores fracas, sempre foi assim, sempre será, mas eles não são donos das nossas eternidades, e muitas vezes o que pensamos estar nos olhares, na verdade não está, está esperando que expulsemos de nossas eternidades... E quem sabe, mais cedo que pensamos, descobrimos como anular a perseguição imaginária... E até que o dono de um olhar torto é na verdade dono de um olhar amigo... Somos donos de vários 5 minutos... E a eternidade dura 5 minutos, porque os melhores beijos, imaginários ou reais, reais/imaginários, imaginários/reais, duram um eternidade... muito menos que cinco minutos... Uma vitória... dura uma eternidade... menos que cinco minutos... Quantos minutos dura o tesão de um pódio? Mas quantas vezes ele vai se repetir... A eternidade dura cinco minutos...